A IMPREVISÍVEL REAÇÃO DAS MANADAS

Por que Bolsonaro mandou Luiz Henrique Mandetta chamar de manadas os participantes de carreatas que pedem a reabertura do comércio? É o novo mistério a ser desvendado no mundo do bolsonarismo.

Mandetta voltou defendendo isolamento para todos, na entrevista que deu no sábado depois da reunião de Bolsonaro com os ministros.

Pode ser surpreendente, porque está em desacordo com Bolsonaro e com as falas dos últimos dias do próprio Mandetta. Mas pode ter explicação plausível.

A primeira versão que corre é a de que Mandetta enquadrou Bolsonaro e o deixou sem saída. Disse que a crise deveria ser encarada pelo presidente com a busca de entendimento com os Estados. E avisou, como desafio, que não iria embora.

Bolsonaro pode ter se assustado, ao perceber que Mandetta assumiu o ataque, e também por finalmente ter sido convencido de que está perdendo a guerra com os Estados.

A maioria dos governadores manteve as restrições que adotaram e intensificou o enfrentamento com Brasília.

Hoje, não há como enfrentar Doria e Witzel, líderes antiBolsonaro nos Estados mais poderosos politicamente e mais ameaçados pela pandemia, além de Caiado e os governadores da oposição.

Foi então que o chefe mandou Mandetta recuar porque pode até ter sido aconselhado por algum emissário de Trump, o mais famoso negacionista arrependido. E ficou só olhando.

Quem pagou publicamente o mico pelo recuo em relação à posição anterior, de brigar pelo fim do confinamento, foi o ministro, não Bolsonaro.

Mas qual é a explicação para a referência depreciativa aos aliados que seguiram Bolsonaro e fizeram carreatas e outros que programaram mobilizações para o domingo e terão de ficar em casa?

Mandetta condenou os manifestantes por pedirem que as pessoas retomem a vida normal e o comércio seja reaberto, enquanto elas mesmas se protegem.

Usou uma firula de linguagem para denunciar a contradição. Os manifestantes estariam fazendo “movimento assimétrico de efeito manada”.

“Daqui a duas semanas, três semanas, os mesmos que falam ‘vamos fazer carreata’ vão ser os mesmos que vão ficar em casa”, disse Mandetta.

Há boas explicações para que ele peça que as carreatas sejam suspensas. As manifestações estão sendo combatidas pelo Ministério Público, com algumas decisões da Justiça para que sejam suspensas.

As carreatas poderiam ser enquadradas como desobediência a decisões legais, que são os decretos baixados pelos Estados. Bolsonaro poderia ser chamado à responsabilidade como incentivador de delitos.

É um recuo, porque na sexta Bolsonaro havia dito que o movimento dos bolsonaristas desfilando em seus carros era “fantástico” e um alerta a governadores e prefeitos.

No Pará, o governador Helder Barbalho (PMDB) deu a reposta e determinou que a polícia militar prenda quem participar de desfiles e estimular desrespeito ao confinamento determinado pelo Estado.

Tudo isso pode explicar o recuo quanto às carreatas, até porque os militares podem finalmente ter agido e pressionado Bolsonaro.

Mas precisava ter chamado os manifestantes de manadas? Mandetta pode ter falado no impulso, usando até a figura do “movimento assimétrico” de improviso?

Alguém fala em movimento assimétrico como eufemismo para apontar a contradição de quem pede que trabalhem e comprem no comércio, enquanto faz o contrário do que diz e se isola?

O tom forte pode ter sido o último recurso. Ao invés de ser cordial com a militância mais radical, Mandetta pegou pesado.

Não quer que saiam às ruas e pronto. O bolsonarista, que aprendeu a ser abusado com Bolsonaro, poderá dar a resposta agindo ao contrário e desfilando, porque as carreatas já estão programadas. Manada é manada.

3 thoughts on “A IMPREVISÍVEL REAÇÃO DAS MANADAS

  1. Amigo mamante! a manada está disposta e alerta. qualquer ranço choroso é mera tentativa de continuidade com as roubalheiras. não, chega. corruptos e seus amantes nunca mais!

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