A lição dos franceses: só a militância ressuscita as esquerdas
Na combinação de fatores que levaram à vitória das esquerdas na França, um é essencial para inspirar também os brasileiros. A militância precisa ser retomada, com a intensidade dos velhos tempos, como provaram os franceses.
Mas que volte a militância de rua, de ações, de sentimentos, a militância presencial e analógica, que ainda impõe respeito ao fascismo. São das esquerdas as melhores lições de que a História avança com o ativismo dos que não se omitem.
O resumo está nessas frases de Jean-Luc Mélenchon, o líder do partido de esquerda (mas esquerda mesmo) França Insubmissa:
“Saúdo aqueles que se mobilizaram, porta a porta, para convencer e arrancar um resultado que diziam impossível. Nosso povo descartou a solução do pior. É um alívio para a maioria das pessoas em nosso país”.
A vitória da democracia francesa pode nos ajudar a entender por que, não só no Brasil, mas também na Argentina e em países ameaçados pelo fascismo, é possível conter os avanços de racistas, xenófobos, homófobos e neonazistas, desde que o ativismo saia das redes sociais para as cidades.
Leiam esse trecho de artigo de Paul Quinio, no Libération:
“Ao dizer não a um governo de extrema direita, os franceses rejeitaram a ideia de uma França xenófoba, rançosa e que olha apenas para si mesma, onde o Estado de direito teria, sem dúvida, sido gradualmente corroído. Os franceses da esquerda, do centro e da direita, que se recusaram a ver a extrema direita tomar o poder, salvaram, de certa forma, a ideia que a maioria deles tem da República”.
Faz bem saber que a reversão de expectativas, em apenas uma semana, ofereceu ao mundo um fato que no Brasil funcionou como uma bomba no meio do congresso de fascistas em Balneário Camboriú.
A família Bolsonaro se preparou para encerrar o encontro em Santa Catarina com uma mensagem para o mundo: eles seriam na América Latina, depois da esperada vitória de Marine Le Pen, parte do grupo de elite de líderes do avanço mundial da extrema direita.
Não são coisa nenhuma. A esquerda francesa esculhambou com a festa da extrema direita latino-americana. É bom saber que os participantes do congresso em Balneário retornam para suas casas, incluindo Javier Milei, com a autoestima aos frangalhos. Será uma semana terrível para Bolsonaro e seus amigos.
Os franceses destruíram, com a vitória da Nova Frente Popular, todas as previsões da grande imprensa brasileira, que dava como certa a ascensão do fascismo ao poder na França.
O que aconteceu no domingo pode inspirar também o sistema de Justiça brasileiro a ser menos cuidadoso com o golpismo no Brasil. Que sejam desengavetados ou andem em ritmo menos lento todos os inquéritos e processos envolvendo fascistas de antes e depois do 8 de janeiro.
Vamos parar com essa história de que o Judiciário deve calibrar suas decisões, por precaução e covardia, por temor ao poder do fascismo bolsonarista no contexto do avanço da extrema direita no mundo.
O avanço foi interrompido e depende agora da substituição de Joe Biden por Kamala Harris, na eleição americana, para que tenha sequência. Que a depressão que passa a consumir a extrema direita europeia contagie o fascismo trumpista.
Feliz com a derrota de Le Pen, mas as análises não tem considerado adequadamente que o partido de Le Pen e Bardella obteve “muito mais votos no total do que todos os seus concorrentes (10.110.027 votos, com os seus aliados, contra 7.005.504 votos para a aliança de esquerda)” …
E a Aliança de esquerda, alem da França Insubmissa, Conta com O Partido Socialista, que, apesar do nome, não tenho certeza se pode ser chamado de Esquerda, depois do governo de François Hollande.
https://www.politico.eu/new… 20todos%20seus%20concorrentes%20(10%2C110%2C027%20votos%2C%20com%20seus%20aliados%2C%20contra%207%2C005%2C504%20votos%20para%20a%20esquerda%2Dwing%20aliança)
É uma derrota amarga para Le Pen, mas não é uma vitória da esquerda. De fato, Não ficarei surpreso se os Socialistas e Verdes Abandonarem a França Insubmissa e se aproximarem dos “Macronistas”.
Foi a vitória da INGOVERNABILIDADE. DENTRO dessa tal Nova Frente Popular existe um partido TÓXICO, de ultra extrema esquerda, o tal de “França Insubmissa”, do stalinista Jean Luc Melenchon. São cerca de 70 deputados que os Franceses chamam de “cães sarnentos raivosos. Até os socialistas querem distância de Melenchon, mas bota distância nisso. Macron – um falso centrista (sempre foi de esquerda) – já disse que não vai governar com Melenchon, não há diálogo possível com esse extremista. Quem vota em Melenchon são os imigrantes, seus filhos e netos, a maioria Árabes (Argelinos, marroquinos, tunisianos, líbios, egípcios), todos muçulmanos e antissemitas radicais. Melenchon é antissemita, anti-Israel até a medula. Também é ultra filo-putiniano. Ou seja, o extremo oposto de MACRON. A França está num impasse. Marine Le Pen perdeu ? Sim, perdeu, só que NINGUÉM ganhou.