A MARCHA
Recebo agora a informação que seu Mércio me envia pelo WhatsApp. Está começando nesse momento na Aberta dos Morros uma passeata monstro em defesa de Bolsonaro. Talvez seja o ensaio do que pode acontecer dia 26.
É um cortejo pelo reconhecimento de Bolsonaro como enviado de Deus, pela paz entre as pessoas de bem, pelos filhos de Bolsonaro, pelo Queiroz, pelo congelamento do salário mínimo, pelo fim das aposentadorias, pelo corte total das bolsas de estudos.
A marcha gigante começou espontaneamente na rótula da Hípica, foi crescendo e começou a andar, carregando gente pelo caminho. A Avenida Juca Batista está interditada de tanto povo, nos dois sentidos.
Militantes das famílias, das igrejas e da tradição se amontoam nas calçadas e acenam para os passantes. Cartazes saúdam as milícias cariocas, os laranjas do PSL, os bolsonaristas homofóbicos, a destruição do Mais Médicos, a ameaça de extinção do Bolsa Família, a invasão das terras dos índios, a derrubada das florestas.
Faixas exaltam a figura de Brilhante Ustra, os fabricantes de agrotóxicos e de armas, os juízes que caçam as esquerdas, a Fundação do Deltan Dallagnol, a licença de Sergio Moro para que atirem sob violenta emoção, a eliminação de negros e pobres, a matança de mulheres, o massacre das abelhas, o golpe na Venezuela.
A passeata vai subir a Avenida Eduardo Prado e seguirá pela Cavalhada até o Parcão. Tem gente gritando: entreguem tudo o que é nosso aos americanos, viva Trump, salvem os fascistas, viva Benjamin Netanyahu, acabem com os inimigos, com os pobres, com a universidade pública, com os estudantes que não sabem a fórmula da água.
Alguns participantes dizem que estão ali contra isso daí, mas que não concordam com tudo do bolsonarismo. Usam a mesma desculpa do gestor do Rio Grande do Sul, admitem que são bolsonaristas viciados, mas que fumam e não tragam, que são também muito envergonhados, mas estão na passeata porque começaram batendo panelas e agora não conseguem parar.
É algo nunca visto numa segunda-feira. O bolsonarismo vive e anda.
