A MEGA-SENA

Vou dormir pensando nessa história do ganhador da Mega-Sena da cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, que não foi buscar o prêmio R$ 22 milhões na Caixa. O prazo terminou nesta sexta.

Há mais de 20 anos, fiz uma viagem de três semanas por várias cidades americanas. Eu e mais quatro jornalistas convidados pelo governo para conhecer as políticas e a visão dos americanos para a América Latina.

Todo dia, um dos guias, que se chamava Bill, aparecia com tickets de jogos variados, que ele comprava nas lojas e distribuía para a turma. Era um carinho que fazia, porque gostava de jogar.

Voltei para casa com os papéis, sem nunca conferir nada (acho que os outros também não deram bola). Um dia larguei mais de 20 tickets sobre a cama e fiquei olhando aquilo.

Imaginei que poderia ter sido o ganhador de algum grande prêmio com uma daquelas apostas. Não havia o que fazer. Eu era um descrente da sorte.

Hoje, um morador de São Sebastião vai dormir sem saber que poderia ter uma fortuna um pouco maior do que a fortuna que Bolsonaro e os filhos dele têm só em imóveis (R$ 15 milhões, segundo levantamento da Folha em cartórios de zonas nobres do Rio).

Tudo porque, ao contrário de Bolsonaro, esse apostador nunca achou que poderia ficar rico.

Imagino os pesadelos e as insônias desta noite na cidadezinha em que um milionário continua pobre. O meu consolo é que eu nunca estive em São Sebastião.

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