A MORAL DE SERGIO MORO

Sergio Moro pode ter cometido um erro estratégico, com mais uma barbeiragem política. Ao recorrer ao Ministério Público para que o presidente da OAB seja processado por ter dito que ele agia como “chefe de quadrilha”, o ex-juiz provoca uma reação imediata.

A reação é que mais vozes, em várias áreas, repetem que ele se comportava mesmo como chefe de quadrilha, quando passou a telefonar para autoridades e dizer que sabia das mensagens apreendidas com os hackers de Araraquara e que iria tratar de eliminá-las. Sumariamente.

Se processar Felipe Santa Cruz, Moro terá de abrir processos contra dezenas, talvez centenas ou milhares de pessoas. Quanto mais insistir no processo contra o líder dos advogados (o que é um direito do ex-juiz), mais irá provocar o jogral.

Lembremos que Moro era chefe de Dallagnol (pelo menos agia como chefe na Lava-Jato), quando Dallagnol acusou Lula de ser chefe de quadrilha, no famoso powerpoint infantil com as bolinhas azuis. Lula tentou processar o procurador por danos morais.

Um juiz de primeira instância decidiu que não houve dano, que Dallagnol podia chamar Lula de chefe de quadrilha. Era uma convicção, sem provas, tanto que a acusação não constou do processo do tríplex do Guarujá.

Mas o procurador que pretendia ficar rico com palestras podia dizer o que bem entendesse. E pronto.

É possível que aconteça o mesmo agora e o processo de Moro não resulte em nada? Ou o dano moral sofrido pelo pessoal da Lava-Jato é mais danoso do que a afronta contra um ex-presidente?

A moral da direita sempre tem a pretensão de ser mais moral do que a das esquerdas.

Pois muita gente acha que, fora a controvérsia jurídica, as mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol são imorais. É o que eu também acho. Mas a moral deles tem privilégios e a imoralidade tem imunidade.

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