A MORTE DO TORTURADOR

Morreu um dos mais famosos torturadores uruguaios. O policial Hugo Guillén, acusado de crimes de lesa humanidade, matou-se ontem em Montevidéu. É também um arquivo que desaparece.

Guillén era um dos chefes e torturadores do centro clandestino Los Vagones, de Canelones, um dos locais para onde a ditadura levava seus inimigos e de onde muitos desapareceram.

Estava em prisão preventiva, com mais dois policiais processados por torturas no mesmo local, Winston Vitale e Alejandro Ferreira. Guillén havia conseguido prisão domiciliar em março. Matou-se aos 80 anos.

Poucos, além dos comparsas, conheciam a cara do torturador. Não há muitas fotos do policial vivo e não se sabe como ele morreu. Esta imagem, quando da sua prisão no ano passado, é uma raridade.

Guillén leva junto informações decisivas para que outros criminosos da ditadura sejam identificados.

No Uruguai, ao contrário do Brasil, o Ministério Público consegue levar adiante as investigações contra torturadores, mesmo que a Suprema Corte conspire contra esse esforço por justiça.

O argumento do MP é o de que são crimes imprescritíveis e não ‘protegidos’ pela anistia que eles também tiveram.

Os criminosos até podem escapar, com o conluio do Supremo deles, mas o desgaste pessoal que enfrentam é massacrante.

O deputado Carlos Testa, do partido Cabildo Abierto, de extrema direita, publicou no Twitter:

“Era um homem gentil, culto e amável. Ao despedir-se, quis ficar de pé, como se despedem os cavaleiros, e assim o fez”.

Mas Testa é um deputado sem expressão, não é o vice-presidente do Uruguai elogiando um torturador.

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