A nova etapa do golpe só prospera com o uso da democracia

A Câmara terá mais 18 deputados, se o projeto que aumenta o número de cadeiras avançar no Senado e a direita conseguir o que deseja. Dois terços dessas cadeiras, pelo que tem acontecido nas últimas eleições, terão ocupantes do conservadorismo e do fascismo.

Isso quer dizer que direita e extrema direita poderão contar com pelo menos mais 12 deputados, numa Câmara em que essa é a proporção atual, de dois por um em relação às esquerdas, entre os 513 parlamentares. Com a ampliação, serão 531 congressistas.

A matemática é de quinta série. Quanto mais eles mesmos aumentarem o número de deputados, com o argumento do aumento da população, maior será o alargamento, na mesma proporção e, claro, em números absolutos, da base da direita. Com mais cadeiras, temos mais representantes de bois, grileiros, milicianos, Bíblias e militares.

Já o Senado tem 81 cadeiras e não muda nada, porque todas as unidades da federação têm três representantes. Na eleição de 2026, acontecerá a escolha de dois terços, ou 54 senadores. A direita já fez as contas de que irá obter maioria de senadores depois de 2026.

Alguns cálculos mais otimistas mostram, por exemplo, a possibilidade de a direita (e com a maioria da extrema direita) eleger todos os seis senadores do Sul. É improvável? Não é.

A direita já teve no Senado nomes da elite da política, no tempo em que o suporte à ditadura era assegurado por Marco Maciel, Magalhães Pinto, Daniel Krieger, Petrônio Portela, Tarso Dutra, Gustavo Capanema, Teotônio Vilela (que depois se voltaria contra os generais), Virgílio Távora, João Calmon, Jarbas Passarinho.

Hoje, o Senado tem Cleitinho, Mourão, Damares, Doutora Eudócia, Magno Malta, Flavio Bolsonaro, Sergio Moro, Romário, Jorge Seif, Marcos do Val e o Astronauta. Poderá agregar a essa turma nomes como Coronel Zucco, Carol de Toni, Julia Zanatta, Michelle Bolsonaro, Guilherme Derrite, Onyx Lorenzoni, Eduardo Bolsonaro.

Enquanto isso, Bolsonaro se levanta e anda e vai ao comício pela anistia, que foi um fracasso em Brasília. A extrema direita bate o bumbo nas ruas, liderada por um sujeito sem condições físicas de receber um abraço.

Mas Bolsonaro tem uma missão. Levou quase cem deputados do PL à Câmara em 2022 e só ele pode assegurar a expansão da direita no Congresso. Bolsonaro planeja, como compensação que vale ouro, se perder de novo o governo, ter uma base ainda maior na Câmara e no Senado.

A direita, que hoje perderia a eleição para Lula, em todos os cenários de pesquisas sérias, pode transferir seus esforços para a eleição para as duas casas legislativas.

A partir do alargamento dessa base no parlamento, a direita fortalecida, e não só a bolsonarista, pode dominar todos os movimentos da política, achacando ainda mais o governo, desviando verbas das emendas sem medo de represálias e acossando Alexandre de Moraes.

Bolsonaro, que não sabe o que será da sua vida na semana que vem, insiste em fingir que ainda pode concorrer. Mas deseja mesmo criar condições para que a velha e a nova direitas tomem conta do país com mais deputados e senadores que terão essa dívida com ele para sempre.

A estratégia de Bolsonaro é seguir atuando como um líder que orienta movimentos, como fez, como último gesto no poder, no golpe fracassado. Sua ambição é assustadora, porque factível: atacar de novo as bases da democracia usando tudo o que a democracia oferece. Agora via Congresso.

E sem necessariamente chegar ao governo, como Trump conseguiu. Mas elegendo os que vão controlar o poder executivo e todas as instituições, a partir da Câmara e do Senado. 2026 já nos espera na esquina.

10 thoughts on “A nova etapa do golpe só prospera com o uso da democracia

  1. “em todos os cenários de pesquisas sérias”

    Cuma?

    Não era o Moisés que xingava os institutos, sobretudo o Datafolha, porque eles testavam nomes como o de Bolsonaro, Tarcísio, Caiado e Michelle?

    Não entendi….O Moisés mudou de ideia sobre os institutos? Ah, agora entendi: Eles são sérios se o Lula estiver em primeiro lugar.

    Ué, parece que já ouvi esse tipo de fala antes, mas com outro personagem em primeiro lugar nas pesquisas em 2017 e 2018.

  2. Segundo Moisés Mendes, candidatos de centro, de direita e conservadores não podem nem disputar eleições, porque são golpistas. Só esquerdista é que pode disputar eleições. Quem não é de esquerda é golpista. É o FIM DA PICADA.

    1. O Moisés surtou quando o Datafolha colocou o nome do Tarcísio de Freitas e surtou pela segunda vez quando o instituto testava o cenário com o Bolsonaro.

      Para ele, tratava-se de um complô da direita, desesperada para arrancar o Lula do poder. Não é mais ciência, não são dados, não é estatística, mas parte de uma trama entre as elites, a Folha com seu instituto corrupto (que testa cenários impossíveis) e os bolsonaristas.

      Aí o Moisés respira, nota que o Lula está em primeiro e solta “os institutos são sérios”.

      São os mesmos raciocínios dos bolsonaristas em 2017 e 2018. Testar o cenário com o Lula preso era uma tentativa dos comunistas de forçarem a justiça a soltá-lo. Colocar o Haddad era fazer a sociedade lembrar que o PT tinha um candidato forte (como o Tarcísio).

      Conclusão: o Moisés é um bolsonarista, só que do PT.

      Vim por meio desta defender, acima, o Datafolha e a Folha de São Paulo.

      Grato.

  3. Este aumento no número de deputados federais é uma ação corporativista. O senso de 2022 detectou aumento de população em alguns Estados e diminuição de população em outros. Não deveria se mexer no total de 513. Aqueles Estados com aumento de população deveriam ter mais vagas e os outros que tiveram diminuição deveriam ter menos vagas. Elementar.

    1. Elementar se fosse num país sério. Os petistas são tão alieanos que acreditam em bom senso de deputados e em discursos de ministros do STF.

      O Brasil é uma escrotidão total, a começar pelos deputados do União Brasil.

      Oh país nojento! Oh país desgraçado!

  4. Luta? Qual a sua luta? Acreditar em discursinho da Dona Carmen Lúcia, achar que deputados BRASILEIROS terão algum tipo de bom senso e dar aulas em universidade federal?

    Essa é sua lutinha?

    Luta para construir um país passa primeiro pela etapa de destruir a mentalidade cretina que impera por aqui. A brasilidade é uma doença, a começar pelo União Brasil, passando pelas elites até chegar ao povão imbecilizado por redes sociais, músicas ruins e mitologias (bolsonarismo, lulismo, meritocracia, coaches, pastores…)

    Lixo!

  5. Terminei com a palavra “lixo” me referindo à brasilidade e não a você, Gerson. Você parece ser um brasileiro bom – desde que não defenda o latrocínio para que os jovens brasileiros periféricos possam tomar uma cervejinha no fim de semana.

  6. Para se ter uma ideia de como até a esquerda brasileira é burra e estúpida, a ideia do financiamento público de campanha nasce com a obsessão do José Dirceu, durante o governo Lula 1, por esse monstro pago pelo trabalhador.

    Não sei bem a origem da ideia das federações partidárias, mas isso tem cheirinho de politicamente correto.

    O financiamento público e as federações vão resultar na extinção dos partidos de esquerda e em aumentos exponenciais do saco sem fundo para bancar partidos vagabundos, sempre unidos para abocanhar mais dinheiro.

    As empresas que financiavam candidatos costumavam contribuir com todos os partidos, inclusive os de esquerda e evitavam políticos extremistas, fundamentalistas e terroristas.

    O politicamente correto acabou com um Congresso equilibrado. Parabéns, José Dirceu. Parabéns, Barroso!

    Lixos!

  7. A esquerda precisa se unir na definição de apenas um nome de consenso para o senado, em cada estado. É jogo só de ida, é mata ou morre.

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