A PANDEMIA E O EGOÍSMO AMERICANO

Já sabemos como a Itália subestimou a pandemia e enfrenta uma tragédia, como a China provou que era possível reagir com rapidez e eficiência e como a Coreia do Sul adotou medidas preventivas. Sabemos até como a Ucrânia reage ao coronavírus.

Mas há um desprezo da grande imprensa pela abordagem da situação americana. Hoje mesmo o Fantástico anuncia um panorama geral da situação no mundo e não há uma referência ao cenário nos EUA.

Apenas um terço dos americanos têm algum suporte de saúde pública. São os idosos com mais de 65 anos, que contam com o Medicare, e os muito pobres ou miseráveis, beneficiados pelo Medicaid. O resto se vira como pode com planos privados.

O americano é obrigado a pagar um plano de saúde para ter assistência médica e hospitalar. E o que o que pode acontecer lá é o que a direita quer fazer aqui, com o projeto de precarização e extinção do SUS: os pobres, com planos de saúde precários ou sem planos, podem ficar desamparados diante da pandemia.

Os efeitos do contágio nos Estados Unidos podem ser diferentes de quase tudo o que se viu até agora em outros países. Lá, até sábado, eram mais de 1,7 mil os contaminados e 41 os mortos. A multiplicação geométrica começa agora.

Perguntam se pelo menos o sistema de saúde americano pode mudar mais adiante, com a possibilidade de eleição de Bernie Sanders, que promete a universalização da saúde, como existe no Brasil. O New York Times mostrou essa semana que não.

Sanders promete o Medicare para Todos, a proposta que o diferencia de Joe Biden. Já tramita na Câmara um projeto de lei semelhante ao plano do democrata, que teria o apoio de apenas 119 deputados, todos também democratas, de um total de 435 deputados.

Seriam necessários 218 votos. Não há votos na Câmara e no Senado, porque nem todos os democratas apoiam a ideia, e os republicanos a rejeitam historicamente.

Poucos se dispõem a contrariar uma estrutura de saúde que beneficia os grandes grupos da área da medicina. O jornal diz que só há uma chance de mudança nesse cenário egoísta: uma devastação social na passagem do coronavírus.

Em, 1950, o presidente Harry Truman tentou o que a Constituição brasileira conseguiu em 1988, a cobertura universal da saúde. Não teve apoio e fracassou.

O presidente Lyndon Johnson conseguiu, 15 anos depois, aprovar o Medicare para os idosos, e o Medicaid para os miseráveis. Obama aperfeiçoou e ampliou o alcance dos dois programas, mas foram remendos.

A pandemia desafia esse sistema selvagem, que se mantém porque a sociedade americana se nega a cobrir os custos da saúde, como é em quase todo o mundo e no Brasil, como manda a Constituição.

O sonho liberal-bolsonarista aqui é quebrar o SUS e entregar toda a estrutura de saúde às empresas. O processo está em andamento.

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