A vocação e o destino de Palocci
Marcelo Odebrecht já contou 30 vezes a mesma história ao juiz Sergio Moro, sempre com versões diferentes. Palocci já contou duas vezes as mesmas histórias, também com versões variadas para cada detalhe. E sem provas.
Marcelo Odebrecht continua contando as mesmas histórias e continua preso, porque não consegue ajudar o juiz a montar as provas contra Lula e porque precisa aparecer sem parar no Jornal Nacional.
Palocci vai contar as mesmas histórias, com as mais variadas versões, sempre dizendo que ouviu dizer alguma coisa, e vai continuar preso. E sempre repetindo que era um coitado.
Ele teria sido manobrado pelas artimanhas de Lula e do pai e do filho Odebrecht. E o juiz, sentindo que as conversas não têm amarração, fará com ele o que faz com o empreiteiro. O que importa é ouvir e expor suas histórias à exaustão, apesar das contradições.
Mesmo como delator formal e juramentado, continuará preso, porque Palocci não é um Youssef.
Palocci ficou mal com as esquerdas, já está na galeria dos grandes traidores da política brasileira e continuará se esforçando para agradar os procuradores e o juiz, sempre com os mesmos causos e as mais diversas versões. E continuará na cadeia, para que se repita sem parar no Jornal Nacional.
Palocci finalmente descobriu qual é o seu papel no enredo da caçada a Lula. Ficará exposto permanentemente nos telejornais da Globo como o novo papagaio do seriado da Lava-Jato, o cara que pretendeu um dia ser amigo dos banqueiros e que também foi traído por eles e que se revelaria por inteiro em algum momento.
Todos esperavam que Eduardo Cunha fosse o grande traidor da Lava-Jato. Palocci apresentou-se antes. Muita gente dentro do PT que o conhecia já sabia que essa era a sua vocação. O traidor está apenas à espera da grande oportunidade.