Adiós, Bolsonaro
Estava murcho ontem à noite, na aparição no Jornal Nacional, o homem que geralmente aparece com os olhos arregalados para defender posições racistas, homofóbicas e machistas com determinação.
Não era o eloquente Jair Bolsonaro que conhecemos, adorado por moradores de bairros nobres de Porto Alegre, ídolo do Parcão e da Avenida Paulista, o mito das passeatas golpistas que se vangloria por dirigir ofensas a mulheres, gays e negros.
Outro valentão terá de se entender com o STF porque disse, e repetiu mais de uma vez, que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela é feia.
Mas ontem no JN Jair Bolsonaro estava assustado. Tanto que se dirigiu, “com humildade”, aos ministros do Supremo, para que examinem seus desatinos como acidentes de confrontos ideológicos.
Ele e Maria do Rosário estão em extremos, é óbvio. Mas as agressões dele não têm nada da natureza do confronto político civilizado e da representação parlamentar.
Bolsonaro não é um ideológico, é um primitivo. Foi turbinado como herói de uma elite reacionária, como mostram as pesquisas, e seria o candidato a presidente de muita gente dita ‘esclarecida’. Sem esse pessoal que o endeusou, ele não seria o que ainda pretende ser.
Seus seguidores bem nascidos nunca imaginaram que o Supremo chamaria o ídolo para prestar contas de uma postura desrespeitosa, violenta e criminosa.
Bolsonaro sempre achou que com ele nada aconteceria. Mas desde ontem será cada vez menos Bolsonaro. Duvido que os filhos – também políticos e imitadores do pai – mantenham a mesma desenvoltura.
Os fãs ardorosos, os órfãos do Parcão, o pessoal da camiseta da Seleção – todos devem procurar outro mito, porque esse, mesmo que não venha a ser condenado, está irremediavelmente avariado.
Preliminarmente, Bolsonaro é uma aberração e qualquer pronunciamento seu atenta contra a dignidade da raça humana. Isso é fato. No mérito, como bem ressaltou a Min. Rosa Maria, imunidade não é o mesmo que impunidade. Considere-se, por fim, quE a absurda e inadmissível agressão contra Maria do Rosário sequer foi cometida a partir da tribuna, mas sim nos corredores do Congresso, o que, a meu juízo, descaracterizAria eventual alegação de inviolabilidade do exercício do mandato parlamentar..
A agressão foi feita nos corredores mas repetida e reafirmada da tribuna, os vídeos andam por aí!
Dá-lhe, Moshe! EU ACHO É pouco! beijao!