JANOT DETONA DALLAGNOL E ADMITE: DENÚNCIA CONTRA LULA ERA FURADA

Rodrigo Janot diz, na entrevista que concedeu a Policarpo Junior e Laryssa Borges, de Veja, sobre o livro que irá publicar, que uma das denúncias da força-tarefa contra Lula (ele não diz qual) era furada.
Ele era o chefe do Ministério Público, como procurador-geral. Era quem deveria mandar em Deltan Dallagnol. Mas não tinha o controle das ações da turma chefiada pelo procurador que pretendia ficar rico fazendo palestras.
Janot se arrepende de ter dado autonomia para que Dallagnol fechasse as delações premiadas, porque eram mal feitas. E defende Sergio Moro, oferecendo munição a quem acha, pelo conteúdo das mensagens vazadas pelo Intercept e pela Folha, que o juiz era quem de fato mandava em Dallagnol.

Ficou ruim para Janot. Veja a pergunta e a resposta:

Desde que o site The Intercept Brasil divulgou as primeiras mensagens captadas ilegalmente dos celulares dos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, travou-se um debate sobre o grau de isenção dos investigadores e do então juiz Sergio Moro. Janot diz que até desconfiou das intenções de alguns colegas, mas que elas não chegaram a contaminar o trabalho

“No início da operação, a força-¬tarefa de Curitiba pediu que eu delegasse a ela o direito de fechar as primeiras colaborações premiadas. Deleguei e me arrependi. As delações do Paulo Roberto Costa e do Alberto Youssef estavam muito rasas. O primeiro inquérito contra o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também estava muito ruim. Questionei a respeito. Recebi como resposta que o objetivo deles era ‘horizontalizar as investigações, e não verticalizar’. Achei estranho. Determinadas decisões poderiam estar sendo tomadas com objetivos políticos? Os procuradores decidiram, por exemplo, denunciar o ex-presidente Lula por corrupção e lavagem de dinheiro e, no caso da lavagem, utilizaram como embasamento parte de uma investigação minha, que eu nem tinha concluído ainda.

(Janot não esclarece em que processo, mas pode ter sido no caso do sítio de Atibaia.)

Mas não houve nenhum complô político. Depois que o Sergio Moro aceitou o convite para assumir o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro, voltei a refletir sobre o assunto. Como juiz, ele fez um trabalho técnico, benfeito. Até agora, do que apareceu dessas conversas do The Intercept, no máximo pode haver algum questionamento de caráter ético na condução do processo, algum questionamento sobre imparcialidade. Mas tecnicamente não vi nenhuma contaminação de provas.”

O interessante é que a entrevista não aborda, em nenhum momento, as questões éticas envolvendo Dallagnol, o subordinado de Janot em Curitiba. Ou o procurador seria subalterno de Moro?

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