ARAS PODE SER O CARA DO GOL CONTRA

Jornalistas que recebem recados do poder se encarregam de produzir confusões e passá-las adiante como informação. Sempre foi assim e agora ficou pior.

A mais recente é esta: Augusto Aras teria desagradado Bolsonaro ao pedir autorização do Supremo para a investigação sobre as denúncias de Sergio Moro contra o ex-chefe.

Só um ingênuo pode achar que Aras abriu o inquérito, num impulso, sem avaliar as consequências para o homem que o chamou para o cargo, depois de examinar a vida de uma dúzia de candidatos.

Até Sergio Moro, o simplório, sabe que Aras pediu a investigação para enquadrá-lo.

Tanto que, antes de depor sábado em Curitiba, Moro disse que o inquérito, autorizado pelo ministro Celso de Mello, era uma tentativa de “intimidação”.

A Procuradoria-Geral tem o pretexto de que tenta esclarecer as acusações, porque essa é a sua função. O que Aras quer, como Moro denuncia, é tentar constrangê-lo com a apresentação de provas.

O ex-juiz talvez não tenha as provas que diz ter ou pode ter de escondê-las, para não se comprometer e acusar a si mesmo.

O que poderia deixar Aras mal é uma provável barbeiragem com o inquérito que tenta emparedar Sergio Moro.

A intenção é boa para o governo, porque em tese favorece Bolsonaro, mas algo também pode sair errado se, por exemplo, o tal vídeo da reunião do dia 22 for divulgado e comprometer o homem.

O procurador-geral pretendia apenas intimidar Moro, mas Celso de Mello, o juiz legalista, levou a sério a ideia da investigação.

É possível que tenha sido mal calculado o plano de solicitar logo os depoimentos dos ministros militares, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno Ribeiro Pereira (Gabinete de Segurança Institucional) e Braga Netto (Casa Civil), como testemunhas.

Celso de Mello já avisou que, se eles se negarem, correm o risco da condução coercitiva. Essa parte não estava prevista na iniciativa de Aras.

Pode ter sido um equívoco pedir a gravação da já famosa reunião do dia 22, a partir do entendimento de Bolsonaro de que não havia nada de errado nisso. O próprio Bolsonaro mandou legendar o vídeo e depois, alertado, voltou atrás.

O certo é que o procurador-geral está solicitando ao Supremo autorização para tudo o que Moro deseja ou está pedindo.

Aras pode ser o próximo na linha de tiro do bolsonarismo, se calcular mal seus gestos mais apressados.

Mas só quem subestima a inteligência média de quem tenta acompanhar tudo isso chega ao ponto de informar, como jornalista, que ele trabalha em deliberado desacordo com Bolsonaro.

Por ser um pouco afoito para não deixar argumentos para a oposição e até, quem sabe, por não ter o controle absoluto da equipe, Aras pode vir a ser o cara do gol contra. E gol de bicicleta.

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CENÁRIOS

Filhos desesperados nas portas dos hospitais, sem a menor chance de conseguir uma UTI para o pai, e aí chega o Nelson Teich.

Pobres há semanas nas filas da Caixa, com chance zero de resolver os problemas do cadastro e do CPF, para provar que existem, e aí chega o Onyx Lorenzoni.

Os artistas sem saber como irão sobreviver, e aí aparece a Regina Duarte pisando sobre os caixões.

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2 thoughts on “ARAS PODE SER O CARA DO GOL CONTRA

  1. É, uma coisa inexplicável, visto que o presidente da República tem o poder de nomeação do pgr.e depois de feito a nomeação. Pra mim é Como eu coloca-se um parente de primeiro grau . Ele jamais iria se levantar contra o seu PARENTE que lhe deu um Bom emprego. Só no Brasil. Esses tipos de cargos deveria ser nomeados por merito e antiguidade e isso o próprio órgão ou ministério deveria reger as regras e as suas respectivas nomeações sem interferência política. Bem como deveria ocorrer no STF dentre outros. Só no Brasil. ?

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