ARMINIO FRAGA PEDE CORAGEM, MAS SUA TURMA DEIXOU JOAQUIM BARBOSA SOZINHO

Armìnio Fraga descobriu que a sequência de crimes cometidos pelo Congresso em conluio com Bolsonaro só acontece porque “falta força e coragem para enfrentar o populismo barato”.

Fraga sabe que, desde muito antes do golpe de 2016 contra Dilma Rousseff, um dos artigos mais em falta no Brasil é coragem.

O ex-presidente do Banco Central também sabe que nunca antes os covardes foram tão valentes no Brasil para o livre exercício das suas covardias.

Orçamento secreto e PEC Kamikaze, citados como exemplos de barbaridades, não resultam apenas da covardia do Judiciário, o alvo de Fraga.

A covardia geral é que permite que Bolsonaro, os militares e o Congresso façam o que têm feito. Falta coragem às elites, na sua definição genérica, para conter o avanço do fascismo.

Arminio Fraga é, como pensador liberal e empresário, expressão dessa elite. Mas se atém às questões econômicas, preocupado com sequelas fiscais, inflação e outros efeitos da ação das quadrilhas articuladas do Planalto, da Câmara e do Senado.

Não há, na entrevista que Fraga deu ao Globo, nada sobre as outras áreas e os outros crimes. A elite que ele representa só ergue a voz para falar de ataques aos fundamentos da economia.

Não há uma frase sobre os ataques à democracia. Apenas eventualmente, como o próprio Fraga já fez, há referências pelas bordas a outros crimes cometidos pelos fascismo no poder em relação ao meio ambiente. Mas esse e outros temas ficam na periferia das conversas.

Fraga sabe que a PEC Kamikaze só existe porque Bolsonaro continua forte para agir, enquanto o centrão é pago para saquear o que pode, e o Brasil que deveria falar se mantém calado.

Se os empresários, a OAB, a Igreja e a turma que Fraga representa tivessem um pouco de coragem, Bolsonaro não teria o controle quase absoluto do Congresso.

Falta coragem para que, na carona do ex-ministro Joaquim Barbosa, gente com o mesmo peso diga que os militares devem ficar quietos.

Barbosa pediu essa semana que os fardados se calem, porque não é tarefa dos generais dar palpite em eleição. Frustraram-se os que achavam que, inspirados no ex-ministro do Supremo, outros diriam o mesmo.

Não dizem porque falta coragem, mesmo que a turma de Arminio Fraga tenha força. É uma vitalidade usada para outros fins, para abordagens de quem só vê economia, PIB, juros, câmbio, dívida pública.

“É uma visão superficial e oportunista”, disse Fraga sobre a PEC que tenta salvar Bolsonaro com as esmolas pré-eleição.

É possível devolver ao seu autor a mesma acusação. É pontual, superficial, inconsequente e oportunista toda abordagem que leva em conta apenas os crimes políticos contra a economia.

O ataque aos covardes que não enfrentam os populistas foi dirigido principalmente ao Judiciário, que não consegue e/ou não quer conter desmandos do bolsonarismo no governo e no Congresso.

É o que temos para o momento. Uma voz representativa do Brasil rico atacando a Justiça pela falta de coragem.

A elite que não enfrenta Bolsonaro e os militares, diante das repetidas ameaças de golpe e de ataques ao TSE e ao Supremo, critica o Judiciário por não fazer o que deveria ser feito.

O que começa a sobrar no Brasil é a coragem de alguns acovardados para apontar a covardia dos outros.

2 thoughts on “ARMINIO FRAGA PEDE CORAGEM, MAS SUA TURMA DEIXOU JOAQUIM BARBOSA SOZINHO

  1. Joaquim Barbosa e um dos artífices do caos que vivenciamos. Gostaria de saber , hoje , quem da atenção aquilo que ele fala ?

  2. E onde está a coragem das lideranças de esquerda de nos chamar para as ruas?
    Vínhamos numa mobilização crescente, uma vez por mês com pandemia e tudo.
    De repente, nada!
    Estão esperando que aconteça mais o que?

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