As estranhas Justiças brasileiras

Lula está agora nas mãos de Sergio Moro. Que as instituições sejam mais uma vez postas à prova, num momento delicado não só para a política, mas também (e quem disse foi a ministra Cármen Lúcia) para o Judiciário.

E então se pergunta: em que mãos estão Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Pedro Parente, Pedro Malan, todos investigados ou já denunciados ou já transformados em réus em inquéritos e processos por corrupção e improbidade junto com outros tucanos?

Uma lista resumida. O histórico caso da máfia do cartel de empresas que superfaturava serviços e pagava propina a tucanos no metrô de São Paulo está há oito anos na Justiça. Até agora, nada.

O escândalo da merenda escolar superfaturada por fornecedores que pagavam propina a tucanos paulistas (tem uma CPI na Assembleia, de onde tiraram estudantes de arrasto hoje), até agora, nada.

O mensalão tucano de Minas, um caso crônico, também nada (só pegaram os não-tucanos).

A propina mensal de Furnas a Aécio, denunciada pelo doleiro Youssef por quatro vezes em delação, está sob investigação, mas até agora, nada.

O caso do suborno de R$ 9 milhões pago pela empreiteira Queiroz Galvão ao senador tucano Sergio Guerra, para que a primeira CPI do Senado fosse abafada, em 2009, até agora, nada.

A propina de US$ 100 milhões, paga a tucanos na compra da Perez Companc argentina em 2002, denunciada por Nestor Cerveró, nada.

O caso da jornalista Mirian Dutra, que teria sido levada para Portugal e sustentada por um empresário que recebeu concessões do governo e era amigo de Fernando Henrique Cardoso, até agora, nada (está sob investigação da PF).

O socorro criminoso, segundo o Ministério Público, de R$ 2,9 bilhões aos bancos Bamerindus e Econômico, no governo FH, até agora, nada. Pedro Malan, Pedro Parente e José Serra são réus em processo em Brasília.

Por que em todos esses casos (sem considerar tantos outros e denúncias mais recentes), os policiais, os promotores, os procuradores e os juízes não têm a mesma agilidade de Sergio Moro? Ou, dito de outra forma, por que os procuradores e o juiz da Lava-Jato são tão rápidos, mas nem sempre?

Por que, como disse a nova presidente do Supremo ao tomar posse, o Brasil tem tantos Judiciários, quando deveria ter um só?

E para terminar: por que o Judiciário para os mafiosos tucanos é diferente do Judiciário para todo o resto? Por que as instituições poupam os tucanos e a direita no Brasil?

Nos ofereça a reposta, ministra Cármen Lúcia, mas não demore muito.

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