Até domingo, somos todos Pablo Marçal

Por três dias, de hoje até o domingo da eleição, as energias das esquerdas devem ser dirigidas não só a Guilherme Boulos. Uma parte dos bons fluidos deve ser reservada para Pablo Marçal.

É ele, o líder do novíssimo fascismo, que em poucos meses envelheceu a extrema direita apegada a Bolsonaro, quem deve, quem precisa ir para o segundo turno em São Paulo em 27 de outubro.

Necessitamos de Marçal na rodada final. É o que o Datafolha reafirma na pesquisa divulgada nessa quinta-feira, em que Boulos assume a liderança no primeiro turno, com 26%, e Marçal e Nunes empatam, cada um com 24%.

No segundo turno, enfrentar Marçal é o melhor cenário para Boulos, que venceria o ex-coach com certa facilidade, por 48% a 36%, com 12 pontos de vantagem.

Melhorou a performance de Boulos em relação à pesquisa anterior, de 26 de setembro, quando venceria por 47% a 38%. A vantagem era de nove pontos.

O confronto Boulos x Ricardo Nunes daria a vitória ao prefeito por 52% a 37%. E na disputa entre Nunes e Marçal, o emedebista venceria o sujeito do PRTB por goleada por 56% a 28%.

Um dado é decisivo para a confirmação de que o cenário Boulos x Marçal é o melhor. A rejeição a Marçal cresceu de 44% para 47%, em setembro, e chegou agora a 53%.

A rejeição cresceu mais entre as mulheres: 59% das eleitoras não votariam nele de jeito nenhum. A rejeição geral a Boulos é de 38% e a Nunes, de 23%.

BOLSONARISMO
Um dado que merece atenção na pesquisa: o Datafolha informa que a adesão a Marçal disparou mais uma vez entre os eleitores de Bolsonaro.

O ex-coach subiu de 43% para 51% das intenções de voto nesse grupo, enquanto Nunes desceu de 39% para 32%. Metade dos eleitores de Bolsonaro votam em Marçal.

Com a radicalização das suas posições, principalmente como machista que desqualifica o voto das mulheres, o candidato do PRTB fideliza o eleitor raiz do bolsonarismo.

Mas não consegue alargar sua base, ou seja, a extrema direita está com ele, mas a direita menos extremista não quer saber dele.

É o que fica claro com a alta rejeição e com sua performance num segundo turno. Marçal pode ter exagerado na dose, afugentando a velha direita. Mesmo que o segundo turno seja outra eleição.