ATÉ QUANDO, BASTINHOS?

Carlos Bastos é um dos sábios do jornalismo gaúcho. Foi mais do que um repórter, foi militante da resistência da Legalidade em 61, sempre ao lado de Brizola.

Encontrei Bastos hoje no velório do nosso amigo Nico Noronha. Bastinhos me puxou pelo braço e me disse no ouvido: “Nunca vi nada igual ao que está acontecendo hoje”.

E ele viu e viveu coisas grandiosas e trágicas desde a Legalidade. Conversamos rapidamente sobre as particularidades do golpe e do Quadrilhão que se apoderou do governo e concluímos o seguinte.

O governo, loteado por medíocres sem votos, tem um poder que nunca governante nenhum teve, nunca, em época alguma. E este governo não tem nenhum apoio popular.

E nunca, nem mesmo na ditadura, um governo esnobou tanto o povo, fazendo o que bem entende contra os interesses da população.

O golpe produziu um fenômeno inédito no Brasil. Os sujeitos que usurparam o poder descobriram que não precisam temer ninguém. E, como observou Bastos, mesmo as mais cruéis ditaduras sempre temeram e temem o povo. O atual regime de exceção não teme nada.

O Brasil inventou uma situação em que elementos denunciados por formação de quadrilha controlam um país anestesiado, sem correr riscos, sem reações, sem incômodos.

Até quando? Bastinhos ouviu minha pergunta, balançou a cabeça e foi embora largando pontos de interrogação de tamanhos variados pelo chão.

 

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