ATRAPALHAR A ELEIÇÃO DE LULA. ESTE É O PAPEL DE CIRO GOMES

O brasileiro médio, por mais distanciado que esteja da eleição, sabe o papel de cada um dos protagonistas e dos coadjuvantes no cenário montado para a disputa pela presidência da República. É fácil saber o que cada um pretende.

Mas qual é o papel de Ciro Gomes? O que Ciro Gomes faz em mais uma eleição, se não consegue dar coerência ao discurso e às suas atitudes como pretenso candidato de centro-esquerda?

Por que, ainda no ano passado, Ciro saiu a dar entrevistas num tom de que seria um candidato da direita, certo de que assim ocuparia o espaço de uma imaginária terceira via?

Por que Ciro é um sujeito sempre errático, que não estabelece uma orientação mínima ao que faz desde que passou a ser um andarilho da política brasileira, aparecendo sempre como espantalho de encruzilhadas complicadas?

Por que Ciro sempre procura a abordagem mais difícil e enrolativa de assuntos nem tão complexos, para dar empostacão à sua vocação de coroné?

São perguntas que devem ser respondidas pelos que ainda acreditam que Ciro se apresenta como uma possiblidade real de protagonismo como nome das esquerdas.

Não que Ciro possa ter a ambição de ser herdeiro do trabalhismo ou do brizolismo. Não há como ele ser herdeiro de nada. Mas que se esclareça logo o que Ciro Gomes faz nessa campanha. Qual é o seu papel?

Se não consegue sair de onde está, sempre abaixo de 10% nas pesquisas, se não ofereceu nada que possa mudar sua situação, se já fingiu até nas redes sociais que é um cara descolado, para parecer jovem, se continua com sua obsessão de atacar Lula, se mais confunde do que esclarece, o que Ciro faz nessa campanha?

Por que Ciro Gomes usou o mesmo artifício sujo da extrema direita para atacar Lula no mais recente debate sobre aborto (veja a opinião rasa dele no final desse texto)?

Ciro poderia ter dito, como muitos disseram, que Lula não precisava ser tão sincero numa hora dessas, ao defender que aborto é uma questão de saúde pública e uma decisão pessoal, até porque todos sabem o que ele pensa.

Poderia ter dito até que Lula é pretensioso e que acha que sua opinião, por mais arriscada, não lhe oferece riscos nunca.

Poderia ter afirmado até, na defensiva machista, que a questão do aborto é hoje uma armadilha da pauta de costumes, associada a questões religiosas extremadas. Ou ser menos reacionário e afirmar que esse é um dilema a ser resolvido pelas mulheres com o suporte do Estado.

Mas não disse nada disso. Classificou a declaração de Lula como estapafúrdia. Ciro decidiu bater em Lula como a extrema direita vem batendo.

Tentou ser terrivelmente neopentecostal, não para agradar o fascismo e obter algum benefício político, porque esse espaço está ocupado por Bolsonaro, mas para complicar a vida de Lula.

E essa pode ser hoje a única tarefa de Ciro na eleição: complicar com o que for possível a eleição de Lula.

Ciro está tão atrapalhado com seus ressentimentos crônicos e insolúveis que talvez esse ano não tenha nem coragem de fugir para Paris no segundo turno.

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Abaixo, para quem não viu ou não lembra, a opinião de Lula que gerou controvérsias:

“Mulheres pobres morrem tentando fazer aborto, porque o aborto é proibido, é ilegal. […]. Quando que a madame pode ir fazer um aborto em Paris, escolher ir pra Berlim. Na verdade, deveria ser transformado em uma questão de saúde pública e todo mundo ter direito, e não vergonha”.

E aqui a opinião de Ciro Gomes:

“Por que o Lula tinha que dar uma declaração estapafúrdia como a que ele deu agora, que todo mundo tem direito a fazer aborto? Que coisa mais simplória para um assunto tão grave. (…) Qual o poder que Lula tem, sendo presidente por 14 anos, ou mandando na Presidência do Brasil, que não resolveu essa questão? Porque ela é insolúvel”.

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PARIS
Eleições na França: esquerda, centro e direita prometem união no segundo turno por Emmanuel Macron para barrar a fascista Marine Le Pen.

Esta é uma manchete sobre a grandeza política dos democratas franceses, que vale como lição para omissos que estejam pensando de novo em fugir para Paris.

A urgência em Paris e em toda a França hoje é derrotar o fascismo.
Paris não é um bom lugar para quem foge do enfrentamento da extrema direita.

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