BOLSONARO AGUENTA O TRANCO?

Não era muito boa a cara de Bolsonaro, domingo, no evento de lançamento da candidatura em Brasília.

Bolsonaro estava com expressão de cansaço. Mais do que geralmente apresenta. Não havia viço no rosto do homem que estava se lançando à reeleição e atacando os inimigos e até a Constituição.

Um sujeito com o olhar pesado tentava se apresentar com a mesma retórica do Bolsonaro de 2018, que prometeu eliminar os adversários na ponta da praia. Mas não tem mais a mesma força.

Bolsonaro já saiu do hospital, depois de nova suspeita de problemas no intestino, mas as emergências têm se repetido.

A pergunta é inevitável: Bolsonaro terá condições de aguentar a campanha? Ou teremos mais um imprevisto que pode tirá-lo da exposição pública e do embate?

O TAPA E OS GENTILES CANALHAS
Vou dar meu tapinha nessa história do Will Smith, mas logo recolho a mão e me retiro, porque estão pedindo pra parar.

Pouco aparece um detalhe decisivo nesse tipo de debate: o humor canalha que sempre ‘tira sarro’ de pessoas fragilizadas tem a mesma pegada para afrontar e desafiar a ira dos poderosos?

Esse tipo de humor também passa a mão na bunda de carecas e cabeludos fascistas? Ou esse humor só tem coragem para atacar mulheres doentes?

O humor que pega no pé de mulheres negras também debocha de mulheres brancas fofas aliadas de golpistas e da extrema direita, mesmo que de forma dissimulada? Ou essas, por questões ditas identitárias, devem ser poupadas?

Esse humor canalha, que tem imitadores engraçadinhos, cordiais e gentiles no Brasil, talvez nem tapa mereça.

O GOLPE
A tentativa de golpe de Aécio Neves e Eduardo Leite em João Doria, para que o paulista abandone a candidatura, já é um dos escândalos do ano.

Para muitos, de dentro do PSDB, é mais do que escandaloso. É indecente, é imoral, é antiético, é baixaria.

É Aécio agindo como Aécio, como fez depois de perder a eleição para Dilma e acionar o golpe de 2016.

Helena Chagas escreve no Brasil 247 que o tucano gaúcho vai para o tudo ou nada que pode resultar em nada, se Doria resistir e o
eleitor entender a dimensão do golpe.

Nunca antes um governador tentou golpear outro governador.

É um cara com 1% nas pesquisas à presidência tentando tirar da briga outro que tem 3%.

Se perder mais esta, Leite ficará marcado como bolsonarista arrependido, como mau perdedor e como golpista fracassado contra um colega governador do próprio partido.

Um Estado que tem Olívio Dutra tem também Eduardo Leite.

AMADORISMO
A ideia de censurar os artistas do Lollapalooza foi uma barbeiragem política de amadores da extrema direita e de um ministro do mais alto tribunal da justiça eleitoral.

Tem gente que nunca ficaria sabendo da toalha erguida por Pabllo Vittar, até porque nem sabia direito quem é Pabllo Vittar.

Agora sabe. E quer as toalhas de banho e de rosto, a tolha de mesa, o guardanapo e até o jogo de cama do Lula.


PERDEMOS UM GÊNIO
m Nos 70 e 80, era muito bom parar em bancas de revistas e diante de vitrines de livrarias e lojas de discos para ver se não havia nenhuma nova obra com uma ilustração de Elifas Andreato.

As capas eram a primeira atração, porque sempre surpreendentes. Elifas, que muitos tentaram imitar, transformava rostos em expressões para muito além de um retrato.

E concebia soluções mágicas para resumir na ilustração o que estava sendo contado em músicas, reportagens e em textos de ficção.
Tinha o que chamavam de identidade visual única, sempre com o foco na emoção. As ilustrações de Elifas (também para cartazes de peças) nos comovem.

Era cenógrafo, jornalista, escritor, editor. Foi o maior capista de discos, livros e revistas do Brasil. Morreu hoje aos 76 anos. O Brasil perde um gênio.

Abaixo, o texto que o ator e diretor de teatro Elias Andreato, irmão de Elifas, publicou nas redes sociais:

“Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino.
Tudo o que ele tocava com as suas mãos, virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria.

Sua travessura era zombar da pobreza e de toda a tristeza que ele via.

Se o quarto era apertado, ele criava castelos longínquos.

Se a fome era tamanha, ele pintava frutos madurinhos.

E eu que também era pequenino, ficava ao seu lado, tentando entender o que ele tinha de especial, dado pelos deuses, que habitavam o nosso pequeno quintal.

Um dia… Que eu estava distraído ao pé da cama, tentando pensar numa prece, para pedir que ele fosse feliz, um anjo pousou no terreiro e me disse que o meu irmão mais velho, tinha sido escolhido, para colorir o mundo cinza em que vivíamos.

Eu me lembro de que fiquei mudo, como convém aos mortais, diante de qualquer aparição divina… Fiquei ali olhando para o céu, completamente agradecido, por ser seu irmão, e me senti protegido, por toda a beleza e foi assim que entendi o papel do artista que ele era.
O meu irmão criador de tantas maravilhas era também um anjo desenhador, que veio a este mundo para colorir nossas vidas e pintar nossos sonhos de amor.

Voltei ao pé da cama e estou até hoje, de joelhos, rezando para os deuses protegerem meu irmão, para que a sua criação sirva de inspiração para os homens pensarem na beleza!

E quando os homens forem amigos dos homens, vou saber que o meu irmão não sonhou em vão.

Que o país que ele imaginou, possa ser colorido para todos!
Que a política do seu traço, seja homenageada SEMPRE!

Meu irmão, você retratou o que o nosso povo tem de mais belo:
A DIGNIDADE!

Irmão meu amado, você coloriu meu coração.
elias”

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