BOLSONARO PODE SURPREENDER

Nossa tentativa de orientação também é desorientada pelos confusos resultados das pesquisas do Datafolha, que mostram dados contraditórios numa mesma amostragem.

Se decidir pesquisar os últimos movimentos do bolsonarismo, o instituto poderá municiar argumentos para o debate sobre a saída de Sergio Moro.

Uma pesquisa em torno do imbróglio talvez revele o seguinte. Uma grande maioria lamenta o pedido de demissão de Moro, mas um contingente expressivo vai dizer que Bolsonaro também tem razão ao forçar a saída do ministro. As pesquisas têm sido assim.

São muitas as perguntas que só uma pesquisa pode responder, como essa: Bolsonaro teria perdido parte da sua base de apoio com a saída de Moro e com as notícias de que perdeu o comando do governo para o general Braga Netto?

Bolsonaro vem mantendo, nos últimos meses, aprovação (ótimo e bom) em torno dos 30%, tendo passado de 33% para 65% na última pesquisa, há uma semana.

Vou arriscar uma previsão de alto risco. Ao invés de cair, é possível que Bolsonaro – com a exposição que teve na crise, com a liberação da ajuda de emergência, com o discurso pela volta ao trabalho e com o sentimento (entre muita gente) de que é vítima da traição de Moro – aumente sua base de apoio.

Bolsonaro pode afastar-se dos 30% e aproximar-se dos 40% de apoio, ou pelo menos crescer, e não perder base.

É improvável? É o que vem acontecendo com a perda de apoio dos mais ricos e o alargamento da base entre os mais pobres.

O projeto de Bolsonaro é ser um Lula às avessas, com políticas reformistas antipovo e mesmo assim crescendo entre o povo. É o que o Datafolha tem mostrado.

O que pode mudar tudo é a percepção de que a ajuda de emergência é muito mais negada do que liberada – uma sensação que parece estar crescendo.

Os pobres em meio à pandemia, mais do que ricos e classe média do bolsonarismo de raiz, irão definir o tamanho da base de Bolsonaro.

O que não significa que ainda esteja totalmente vivo politicamente. Talvez esteja apenas esperneando.

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E AS PROVAS DE MORO?
A briga de Moro com Bolsonaro precisa render mais. Tem agora a investigação solicitada pelo procurador-geral da República sobre as acusações do ex-juiz.

A iniciativa de Augusto Aras pode ser muito mais uma armadilha para Moro do que um desejo de esclarecer as denúncias contra Bolsonaro.

O que ele pode querer é que Moro prove o que disse sobre a interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal, acesso a relatórios confidenciais e outras acusações.

Moro condenou Lula sem provas no caso do tríplex. Agora, é confrontado com uma situação difícil. Ele vai ter que apresentar provas, ou pode ser processado por calúnia.

A Globo já exibiu mensagens que serão usadas como provas, mas parece que ainda é pouco.

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IMPRENSA DRIBLADA
A imprensa levou bolas nas costas na demissão do delegado Maurício Valeixo. Todos foram dormir na quinta-feira com a decisão de Bolsonaro já tomada.

Mas a notícia só foi aparecer na sexta no Diário Oficial. Bolsonaro não vazou a informação nem para os amigos do jornalismo de extrema direita.

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O humor de Agrepinus em tempo de pandemia.

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UM EX DE PESO
Cumpriu-se o que até Osmar Terra poderia prever. Sergio Moro é ex-juiz, ex-chefe de Dallagnol, ex-ministro, ex-advogado de Bolsonaro, ex-incentivador do cigarro nacional e ex-candidato a candidato a uma vaga no Supremo.

Moro é um ex com muito currículo. Como decidiu ser também ex-bolsonarista, é o ex mais graduado da extrema direita brasileira.
Moro deve ampliar o que começou a dizer na despedida e ser um ex-bolsonarista daqueles que se dedicam com afinco ao ressentimento.

Vai lá, Sergio Moro. Larga essa biografia do Mandetta, que pode ser lida depois, e conta tudo que não foi contado no adeus.

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MORO E OS GOLPES DAS ASSINATURAS
Certa vez Sergio Moro apresentou a Lula, em audiência em Curitiba, um documento sobre o tríplex do Guarujá, que seria um pré-contrato de compra e venda, e perguntou se Lula reconhecia o papel.

Moro estendeu o documento a Lula, que observou a falta de assinatura, acrescentando que, se não estava assinado, não valia nada.

Pois Moro usou esse documento sem assinatura no processo em que condenou Lula.

Agora, Moro reclama que Bolsonaro colocou sua assinatura na exoneração do delegado da Polícia Federal e assegura que não assinou nada.

O ex-juiz deve ser lembrado da arapuca que tentou armar para Lula e admitir que caiu numa armadilha ao participar do governo de um sujeito que falsifica assinaturas digitais.

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