Bom dia

Completo hoje três meses de Facebook, o que talvez interesse apenas a mim mesmo. Não tive Avatar, não tive Orkut, nem Twitter, entrei direto no Face como um veterano retardatário.

Estou aprendendo, barbereando, ganhando e reconquistando amigos. Reencontrei no Acre pessoas que nunca vi na vida e fui finalmente localizado por um primo que me cobra agora uma dívida de 1982.

Gosto de ver aquelas sugestões de “pessoas que você talvez conheça”. Parece mesmo que conhecemos todo mundo e que a qualquer momento o Paulo Coelho pode nos oferecer amizade sincera.

Imagino o dia em que teremos inimigos declarados no Face. Quando existir uma ferramenta que permita convidar alguém como inimigo não eventual e informal, mas explicitado, cadastrado, sem dissimulações. Se o convite for rejeitado, a pessoa passa a ser inimiga sumariamente, mesmo sem querer.

Ainda acho estranha a sensação de que o Facebook é às vezes algo apartado da vida real, assim como a palavra internauta parece designar atividade ou profissão. Os internautas fazem, os internautas boicotam, os internautas isso e aquilo.

Os mais antigos por aqui me alertam: disso o Face não gosta, isso ele odeia, isso não funciona no Face. As redes sociais passam a ser entidades.

Sou orientado a escrever textos curtos (o que desobedeço) e a usar figurinhas. Se falar de Carlos Magno ou do rei Arthur, devo pegar carinhas deles pintadas por alguém, para que ninguém confunda um e outro, principalmente as crianças.

Às vezes acordo as 4h da madrugada para frestear, porque também me disseram que essa pode ser a hora das melhores intervenções e sacadas, como nas pescarias.

Pouco antes de voltar a dormir, já cheguei a postar, puerilmente: o sono me pegou.

Sei que não devo fazer e nunca mais fiz. A rede não curte.

Era isso. Bom dia aos meus amigos e aos meus inimigos.

(A foto das mãos eu encontrei um dia, sem querer, quando talvez procurasse pés ou algo bem diferente. Guardei e estão aí ao acaso. Pena que não tenha guardado o nome do fotógrafo para dar o crédito.)