CHAMAR DE GENOCIDA PODE. MAS NÃO DE GENOCIDA DE MERDA

A polícia de Bolsonaro deteve em Resende, no Rio, uma mulher que teria passado na rua e chamado o sujeito de genocida de merda e de noivinha do Aristides, entre outras coisas.

No mundo todo, presidentes, governadores, parlamentares e políticos com ou sem mandato são atacados nas ruas com todo tipo de adjetivo e palavrão. A democracia tem disso.

Aqui, de vez em quando o bolsonarismo tenta assustar uma mulher atrevida, para que o país todo se acovarde. A mulher assinou um termo circunstanciado na Delegacia de Polícia e pode ser processada.

Os genocidas, os sonegadores juramentados, processados e condenados, os criminosos da Amazônia e até milicianos perseguem todos os que os apontam como genocidas, sonegadores e bandidos.

Sonegadores de milhões pedem indenizações que nem parentes de vítimas da ditadura receberam, porque eles, os sonegadores, se sentem injuriados quando seus nomes aparecem ao lado da palavra sonegação.

Fascistas de todos os tipos e modelos cobram reparação por se sentirem caluniados quando são chamados de fascistas.

Negacionistas fazem ameaças, contando com a ajuda de juízes que consideram amigos, ao serem citados como criminosos agindo contra a saúde pública.

Bandidos da extrema direita, vendedores de vacina, propagadores de fake news e adulteradores de atestados de óbito – todos eles se sentem injuriados quando são citados pelo que de fato são.

E agora a polícia de Bolsonaro decide prender quem chama Bolsonaro de genocida de merda. Não há como reprimir todos os que chamam e ainda chamarão Bolsonaro de genocida. Nem precisa ser de merda.

Por que a polícia prende uma mulher e não pega os homens que chamam Bolsonaro de genocida? Milhões de homens, todos os dias.

Por que uma mulher anônima, que grita na rua sem nenhuma proteção, é enquadrada por não conseguir segurar sua raiva e sua indignação?

Por que deter a mulher, se a polícia consegue esparramar, mas não prender os garimpeiros bandidos do Rio Madeira?

Não dá pra chamar a polícia para todo mundo que grita na cara de Bolsonaro que ele é um genocida. Não tem como processar todo mundo que chama sonegadores e milicianos de sonegadores de merda e milicianos de merda.

Não tem como pedir indenização de todos os que identificam fabricantes e patrocinadores de fake news como criminosos, ou que apontam negacionistas de segunda classe como ajudantes de um genocida de merda.

Então, como não tem como pegar todo mundo, eles escolhem alguns de vez em quando e dão o cagaço. O fascismo tenta acovardar o Brasil, mas será difícil.

O fascismo gosta de ser enganado pela própria ilusão de que, se for cruel, violento e ameaçador, em algum momento ninguém mais vai chamar um genocida de merda de genocida de merda ou de noivinha do Aristides.

Aristides, para quem não sabe, teria sido o sargento instrutor de judô de Bolsonaro na Academia Militar de Agulhas Negras. Mas prefiro não me aprofundar nessa área.

(Acrescento que ninguém conseguiu provar que a mulher tenha chamado Bolsonaro de noivinha do Aristides).

(A caricatura acima é do cartunista alemão Frank Hoppmann)

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