COMPARAÇÕES FORÇADAS

É meio torto o debate sobre a decisão de Cristina Kirchner de concorrer a vice em outubro na Argentina, abrindo mão da candidatura à presidência em nome da presumida maior chance de Alberto Fernández, ex-chefe de gabinete Nestor Kirchner.
Primeiro, não há, como muitos alardeiam, nenhum gesto de desprendimento pessoal. Cristina fez apenas uma jogada política para tentar unificar o que puder das lideranças e das bases do peronismo em torno de Fernández, o que com ela seria difícil.
Não há nada que indique um sacrifício. Ao contrário, Cristina busca a vitória e a confirmação da sua liderança e, claro, enredar ainda mais as estratégias da direita.
E não há nenhuma comparação possível com os que tentam lembrar que o PT poderia ter apoiado Ciro Gomes no ano passado. Esse é o raciocínio mais torto.
Cristina, mesmo liderando as pesquisas, põe na cabeça da chapa um justicialista como ela. A troca é de uma peronista por outro peronista, para que a própria Cristina tenha mais chances de sobreviver politicamente e continuar liderando a maior fatia de um peronismo sempre fragmentado. A estratégia visa, é muito óbvio, fortalecer o peronismo.
Além do que, pelo que li hoje, alguns analistas entendem que ela poderá se defender melhor dos ataques nos 11 processos que enfrenta ficando, em tese, em ”segundo plano” na campanha.
As comparações criam uma falsa controvérsia. A única semelhança possível entre Argentina e Brasil hoje nos é dada pela direita. A direita caça Cristina no Judiciário como caçou Lula aqui.
E lá a direita dita liberal de Macri quebrou o país e aumentou a miséria. Aqui, a extrema direita de Bolsonaro também nos encaminha para o desastre.

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