OUTRA GUERRA PARA OS GENERAIS

Logo no começo do Roda Viva ontem à noite, Ciro Gomes foi provocado e falou sobre a possibilidade de golpe. Olhou direto para a câmera e mandou o recado:

“Ó, Bolsonaro. Tu e os teus generais de pijama. Se metem que tu vai ver como nós vamos te encarar”.

Mais adiante, Ciro ouviu outra pergunta sobre os militares e disse o óbvio, que Bolsonaro tenta se proteger na reputação dos generais.

“Há militares e militares”, disse Ciro. E citou Augusto Heleno como um general que “está costeando claramente o alambrado do golpismo fascista, o que pra mim, que o conhecia de longo data, é uma grande decepção”.

E os outros? Os outros estão pensando o que todo mundo sabe: que Bolsonaro, “sentindo faltar chão nos pés”, está tentando se cercar de uma estrutura “que merece o respeito, pelo menos ainda, da nação brasileira”. Ainda.

Para Ciro, como não tem base e não tem artistas, cientistas e intelectuais, Bolsonaro manda dizer que tem os generais.

Mas os militares estariam preocupados com o alinhamento automático de Bolsonaro ao que chamou de “interesses miúdos da rotina americana”, principalmente na área militar.

Ciro acredita que “os mais sérios e mais responsáveis” ainda são a maioria. Esses estariam preocupados com o desgaste da imagem das Forças Armadas nos vínculos com as loucuras de Bolsonaro.

Pois partir de hoje temos um general no comando do comitê que irá coordenar as ações contra a pandemia. Walter Souza Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, ex-comandante da intervenção no Rio, foi o escolhido.

Bolsonaro deve ser o único governante em todo mundo a confiar essa tarefa grandiosa a um militar, que por acaso (ou não) entrou oficialmente ontem para a reserva.

Num governo de civis medíocres e terraplanistas, que brigam com a ciência e a racionalidade, talvez tenha sido mesmo a melhor escolha.