DATAFOLHA PODE SALVAR BOLSONARO

Tudo o que se disser sobre o poder relativo de Bolsonaro diante dos governadores, dos militares, de Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e de Dias Toffoli, considerando-se os últimos movimentos, será mero chute, enquanto não surgirem as primeiras informações, com números, sobre a percepção popular a respeito do único governante no mundo que continua a duvidar do poder de destruição da peste.

Sem esse termômetro dos humores do povo, que só as pesquisas oferecem, os analistas de cenários podem sugerir apenas suspeitas e indícios aos que tateiam em busca da compreensão do jogo de forças do momento.

A principal interrogação, da qual depende a resposta para todas as outras, é sobre o tamanho do apoio a Bolsonaro agora.

Se o Datafolha realizou pesquisa e aparecer no domingo com informações sobre a tendência de fortalecimento de Bolsonaro, que vinha crescendo entre os mais pobres (de acordo com as duas últimas amostragens do instituto), pouco ou nada poderá ser feito que interrompa sua decisão de desafiar a pandemia, os governadores, a imprensa e o bom senso.

Adiós, preparação para o impeachment. Adiós, golpe com ou sem Mourão. Evaporam-se, por enquanto, as tentativas de enfraquecimento do homem e de seus filhos, que assumiram o comando das ações políticas que o entorno de Bolsonaro não leva adiante, por insegurança, pudor ou por incompetência.

Se Bolsonaro conseguiu convencer a população de que deve trocar o medo pelo coronavírus pelo temor do desemprego e da perda de renda (dependendo do que for perguntado na pesquisa), as esquerdas podem se despedir de suas ilusões. Ele ganhará uma sobrevida.

Sobrará, se de fato sobrar, a trincheira da Justiça, que já impediu duas ações arriscadas de Bolsonaro, ao derrubar a obstrução do acesso a informações do governo e determinar a proibição da propaganda que prega o fim do confinamento.

Se, ao contrário, a pesquisa mostrar estabilização na popularidade de Bolsonaro (o que aparece desde o início do governo, com o apoio oscilando ao redor de 30%), o quadro ficará inalterado, ou seja, poderá continuar pendendo para um lado ou outro.

Dados sobre o impacto da liberação do comércio e do fim do isolamento em alguns Estados somente poderão ser avaliadas, quando sedimentados, mais adiante.

Outros cenários podem ajudar no retrato do momento, se as carreatas crescerem e se os governadores e os prefeitos perderem o controle político das restrições em seus Estados e municípios.

Aguardemos o Datafolha, se é que a Folha tem coragem de fazer pesquisas numa hora dessas.

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