DEBATER OU NÃO, EIS A QUESTÃO

Um debate não envolve apenas pessoas de bom senso ou alto nível de racionalidade, como pretendem os pensadores mais sofisticados. O debate conduz até a irracionalidades diversas.
Sem essa abertura para o debate ‘sujo’, dentro de limites que cada impõe a si mesmo, todas as imundícies do pensamento mais reacionário ou fascista ficariam encobertas.
É também do debate sujo que emerge o discernimento sobre o que está sendo dito com algum fundamento, ou como blefe, ou como mera agressão ou como produção de desinformação e ignorância.
Aprendemos com o bom debate participando também do mau debate. E que cada um faça suas escolhas, sem normatizar condutas sobre os conflitos de ideias. E sem a pretensão de achar que os outros, os menos informados, por exemplo, não teriam condições de saber o que seria bom ou não ouvir.
Não existe um padrão Fifa de debate, como se todos fossem participar de duelos nos moldes dos que envolviam Sartre e Camus. O mundo da discordância é menos glamouroso.
Sem enfrentar as grosserias do reacionarismo de um Kataguiri, nunca chegaremos ao entendimento das sutilezas do belo reacionarismo de um Luciano Huck.
Sem o enfrentamento corajoso de Maria do Rosário, no debate ligeiro com Bolsonaro, talvez não se soubesse hoje muito do que aquele confronto acabou revelando da personalidade de um dos ídolos da bem informada classe média brasileira.
Eu já defendi barreiras restritivas ao pensamento fascista e mudei de ideia. Esse é um dilema antigo. Hoje, desejo que cada um elabore seus filtros pela informação, e não pela obstrução do confronto de ideias, inclusive com um sujeito como Bolsonaro. Ninguém precisa ser tutelado por pessoas mais espertas.
Mas participar ou não desse debate, num elevador, numa rádio, num simpósio ou no Congresso, é da escolha de cada um. Esse direito não está e nunca esteve em questão.

2 thoughts on “DEBATER OU NÃO, EIS A QUESTÃO

  1. De acordo com tudo. O que ocorreu, na verdade, foi uma falha de produção. É respeitoso com os convidados explicar qual vai ser a dinâmica do programa, quem vai ser convidado, justamente para atender esse último direito que tu citou, o de querer ou não debater com aquela pessoa. Aí a mulher chegou lá e viu uma pessoa com a qual ela não quer debater. Erro de produção.

  2. NENHUMA Pessoa de pensamento social progressista aceitaria sentar numa mesa e discutir pontos de vista com um ser abjeto, um verdadeiro filho da puta , como este tal de Kataguri. Aconteceu aí um grave erro.

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