DEDÉ, A PANDEMIA E O FIM DE BOLSONARO

Um pouco de distração na data de aniversário do golpe. Dia desses, vendo um canal de esportes, fiquei sabendo pelos comentaristas que a melhor contratação do Vasco este ano seria o zagueiro Dedé. Seria.

Tudo parece improvável. O comentário na TV, eu querendo saber de um futebol que não existe, Dedé sendo visto por mim.

Ninguém sabe o que acontecerá amanhã, mas eu sei que Dedé pode ser zagueiro do Vasco, mesmo que ninguém esteja jogando futebol, nem aqui nem na Ucrânia.

Os comentaristas de futebol continuam comentando o que pode ser comentado. O nada. Os comentaristas comentam o vazio.

Outro dia, vi um jogo do Flamengo contra o Botafogo em 1987. A TV está reprisando até jogos da Copa de 58. Tem comentarista recomentando a Copa dos 7 a 1.

Meu grande temor é que Bolsonaro seja golpeado bem no momento em que eu estiver distraído ouvindo análises sobre os zagueiros do Vasco.

Daqui a alguns anos, me perguntarão: o que tu estavas fazendo quando Bolsonaro foi derrubado?

Me lembrarei de Sartre, quando indagado sobre o que fazia quando ficou sabendo do fim de Hitler. Sartre disse que estava tomando uma sopa.

Eu tentarei imitar Sartre (nesse caso, fica fácil) e inventarei que estava comendo algodão doce com meus netos.

Mas nunca direi que, quando Bolsonaro tombou, eu estava vendo comentários sobre a possibilidade de Dedé vir a jogar no Vasco.

ELEITO?
Não dá para se surpreender com Bolsonaro e o general Mourão defendendo o golpe de 64, no aniversário de 31 de março. Seria estranho se não defendessem.

Mas Mourão não precisava ter escrito essa frase no Twitter: “Com a eleição do general Castello Branco, inciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil”.

Que eleição, general? A exaltação do golpe não precisa desse tipo de informação, que distorce a verdade.

Castello Branco não foi eleito. Pronto.

POR CONTROLE REMOTO
Bolsonaro pode ficar na história como o presidente-coronavírus, o primeiro presidente derrubado pelo Congresso em sessão online com votação por controle remoto.

O presidente contra o isolamento acaba isolado e pode ser derrubado por ex-cúmplices confinados.

SEMPRE ATRASADOS
Porto Alegre só irá construir hospitais de campanha quando todas as capitais já estiverem socorrendo seus doentes em tendas em campos de futebol?

Por que sempre estamos atrasados? Por que elegemos vacilões que só enrolam?

Somos modelo de soberba, fanfarrice e indecisão a toda Terra.

MANDETTA FORTE
Saiu pela culatra a decisão de Bolsonaro de esvaziar Mandetta, mantendo o ministro apenas como mais um nas ações contra a pandemia.

Mandetta está sendo protegido até por Augusto Aras. Bolsonaro colocou Aras na Procuradoria-Geral da República para ser protegido por ele.

Aras disse hoje que Mandetta é quem orienta as ações contra a pandemia. É gigantesca a solidão de Bolsonaro.

Bolsonaro foi abandonado até pelo coronavírus.

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