DILMA E LULA, SEGUNDO O FOFO RUY CASTRO

Escrevi hoje no Facebook que Ruy Castro, Fernando Gabeira, Ricardo Noblat, Merval Pereira e outros só não são bolsonaristas porque as empresas que os empregam são inimigas do sujeito.

Todos são de direita, antiLula, antiPT, anticomunista e antitudo isso que está aí. São reaças, foram golpistas, ajudaram a criar Bolsonaro e agora têm inveja do livre pensar bolsonarista de Alexandre Garcia.

Pois alguns amigos reagiram com firmeza. Não é bem assim, Ruy Castro não poderia estar nessa lista, porque até de esquerda ele teria sido em alguma outra encarnação.

Pois publico aqui duas crônicas dele, encontradas ao acaso, sem muita pesquisa.

São dois textos de deboche, no melhor estilo da direita metida a engraçadinha, publicados na Folha, sobre Dilma e Lula.

Qualquer um dos filhos de Bolsonaro poderia assinar esses textos, que além de reaças são muito ruins.

E não é porque criticam Dilma e Lula, que qualquer pode criticar. É pela abordagem rasa.

O texto mais asqueroso é o que tem brincadeirinhas com as visitas a Lula preso. Ruy Castro ironiza com a solidariedade ao ex-presidente, como se fosse um desses cronistas que trabalham para a extrema direita.

Pra quem quiser encarar, aí estão essas duas preciosidades de um direitoso metido a fofo:

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Ruy Castro – Folha de S. Paulo – 13 de julho de 2016

Dilma na nuvem

Vamos sentir saudades dela. Onde encontraremos outra tão deliciosamente inepta, magnificamente irresponsável e esplendidamente à vontade no seu sesquipedal despreparo? Ninguém se lhe compara na firmeza com que exerce seu desconhecimento sobre a lógica ou a aritmética mais simples. Ninguém a supera na arte de dizer sandices e, ao corrigir-se, dobrar a meta e dizer mais sandices. E ninguém faz isto num português tão tosco, singelo e de quinta. Refiro-me, claro, à ex-presidente Dilma Rousseff.
Depois de nos brindar com enunciados inesquecíveis sobre a mandioca, o vento estocado, a mulher sapiens, as pastas de dente que insistem em escapar do dentifrício e o meio ambiente como uma ameaça ao desenvolvimento sustentável, temia-se que seu afastamento nos privasse de novas contribuições ao nonsense.
Mas Dilma não falha — é só colocar-se ao alcance de um microfone. Sua última façanha está na internet e é facilmente acessível basta digitar “Dilma” e “nuvem”. Ao saber outro dia que as acusações contra ela estão na “nuvem” — uma nova forma de armazenamento incorpóreo e universal de arquivos –, soltou os cachorros em entrevista a um canal de televisão.
“Pois bem”, rugiu. “Inventam uma história fantástica. Que tá na nuvem. É. Tá na nuvem. Sei lá que nuvem. Sabe, eu não entendi muito bem essa história de nuvem. Tô aqui tentando apurar direitinho. Como é que uma coisa pode estar na nuvem? É muito simples estar na nuvem, não tem de provar. Que nuvem? Onde está a prova?”
A Dilma tá certa. Essa história de nuvem é mais uma tentativa de golpe contra uma mulher honesta, que fez o diabo para se eleger, digo, sofreu o diabo na ditadura. Quero ver provar. Mas o José Eduardo Cardozo [seu ministro de estimação, advogado e porta-voz] já está vendo isso. Ele vai desmoralizar essa nuvem.

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Ruy Castro – Folha de S. Paulo – 25 de abril de 2018

Manter viva a lenda

Estive pensando em visitar o ex-presidente Lula em Curitiba. Não como jornalista em busca de uma entrevista (quem leu alguma entrevista de Lula nos últimos dois anos leu todas) ou de material para uma reportagem sobre seu cotidiano na cadeia —não há muito cotidiano em 15 metros quadrados. Mas acho que, mesmo que fosse para isso, as autoridades não me dariam tal privilégio —se abrirem uma exceção, terão de estendê-la a todos os jornalistas, daqui e de fora, que gostariam de entrevistá-lo.
Bem, então, se não for como jornalista, que pretexto teria eu para ver Lula na prisão? Não sou senador e muito menos membro da Comissão de Direitos Humanos do Senado — membros estes que só se lembraram do conselho a que pertenciam quando se tratou de Lula. Eles o visitaram outro dia para “verificar suas condições carcerárias”. Inspecionaram a descarga do vaso sanitário, afofaram o travesseiro, conferiram o teor de glúten no pudim da sobremesa e, que jeito, aprovaram tudo.
O objetivo da visita, claro, era mais para se certificarem de que o ex-presidente não estava sendo torturado com palitos de fósforos acesos sob as unhas ou supliciado com músicas de Joan Baez saindo de um pequeno alto-falante no teto da cela.
Dias depois, uma comissão idêntica, formada às pressas, só que por deputados federais, também quis visitar Lula. Mas esta foi impedida, por suspeita de deboche —afinal, a privada, o travesseiro e o pudim não tinham sofrido alteração. E, se potentados como a ex-presidente Dilma Rousseff, a senadora Gleisi Hoffmann, o teólogo Leonardo Boff, o presidenciável Ciro Gomes e o prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Pérez Esquivel, também foram barrados por recomendação do Ministério Público, que chance teria eu?
Na verdade, não tenho nenhum motivo para visitar Lula. Eles também não, exceto pela tática de manter viva para a galera a lenda do preso político.

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