Eles avisam de novo que passarão

Não conseguiriam golpear Dilma. Golpearam. Não conseguiriam prender Lula. Prenderam. Golpearam, prenderam, voltaram a tentar golpear e fracassaram, mas continuam articulando mais um golpe.

O golpismo é uma atividade permanente e inclui, como plano de emergência, mas com efeitos mais adiante, a anistia que beneficiaria manés e terroristas de 8 de janeiro e, aberta a porteira, todos os chefes do golpe.

Não há mais como dizer, como diziam em 2016 e repetiram em 2018, que eles não passariam. Passaram e ainda tentam, mesmo derrotados, seguir em frente. O projeto da anistia é cada vez mais uma possibilidade.

E se acontecer, o que resta fazer? Resta se preparar para que não aconteça agora o que aconteceu com Dilma e Lula, que não tiveram nenhuma reação política forte ao golpismo. Como a democracia não teve, depois do 8 de janeiro, nenhum suporte de massa à agressão sofrida.

Essa democracia estaria morta e enterrada, com poucas chances de ressurreição, se não tivesse contado com a bravura de Alexandre de Moraes. Os arrogantes omissos, os autocentrados e os que subestimaram as forças da extrema direita, esses dirão sempre que é um exagero atribuir a um ministro do STF a resistência às estocadas do golpismo.

São os mesmos que dizem agora, mas já em voz baixa, que a anistia não passará. Mas que não terão quase nenhuma capacidade de articulação e de mobilização, se a anistia passar.

E esse pode ser o próximo drama da democracia e das esquerdas, para muito além da questão política. Será desmoralizador e destruidor dos ânimos parcialmente resgatados por Lula o drama que pode se juntar às omissões passadas diante do golpe contra Dilma e da prisão de Lula.

Um drama que não será apenas de líderes com alguma representação e poder, das instituições, de mandatos, de partidos, sindicatos. Será um drama do que ainda chamam de sociedade civil, ou do que ainda dá forma às estruturas formais da democracia.

O Brasil, ao contrário do que ainda acontece nos vizinhos, perdeu a capacidade de reagir e de pelo menos espernear diante da imposição do fascismo. E se defende com manifestações de indignação, que acabam sendo um fim em si mesmo.

Somos um país de indignados, ainda com reduzida vontade de preservação de memórias, com déficit de ação política básica e sem condições de competir com a extrema direita na arena do mundo virtual.

Se a anistia for aprovada amanhã, é provável que aconteça o que aconteceu em 2016 e 2018. A partir de 2018, tivemos pelo menos a vigília dos que levaram companhia e afeto a Lula em Curitiba. O que poderia ser feito agora, se todos nós formos encarcerados pelo cerco do bolsonarismo, enquanto os golpistas ficam impunes?

A anistia é uma manobra com efeitos projetados no cenário de 2026. Se passar, eles estarão mais fortes, cruéis e violentos. Se passar e nada acontecer, devemos nos preparar para o que ainda não vimos.

10 thoughts on “Eles avisam de novo que passarão

  1. Toda essa disputa torna-se IRRELEVANTE perto do que economistas e técnicos da Receita Federal, do próprio Ministério da Economia, do Ministério Do Planejamento e do Banco Central projetam para 2027: o Brasil vai entrar em SHUTDOWN, ou seja não haverá dinheiro do Tesouro Nacional para cobrir todas as despesas correntes, como aposentadorias, pensões, Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), auxílio-doença, vencimentos de servidores públicos, despesas carimbadas da Educação e da Saúde. E ZERO para investimentos. A máquina pública vai parar. O Brasil vai QUEBRAR. E em 2026 a coisa já vai se agravar fortemente, porque assim como Dilma em 2014, Lula vai fazer o diabo para se reeleger. A gastança de dinheiro público vai DOBRAR. Ou seja, se Lula vencer, Lula 3 vai entregar para Lula 4 um país QUEBRADO, em SHUTDOWN.

    1. Ah……já ia me esquecendo, não vai ter dinheiro também para a execução de emendas parlamentares e orçamento secreto. Ou seja, o CAOS nos espera. A Argentina é aqui !

      1. Eu já ia te perguntar, Ferdinando, como ficam as emendas de nada menos que cinquenta bilhões de reais do Artur lira e alcolumbRe que eles querem na mão deles, senão chantageiam e nao fazem nada, verdadeiros sangue sugas do dinheiro público……como e que eles vão ficar para receber os cinquenta milhões ?

  2. Perguntar não ofende: Alexandre de Moraes não é aquele Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado ao cargo por um presidente da República que o lulo-petismo não se cansa de QUALIFICar como GOLPISTA e USURPADOR ?

    1. Mas acho que foi a única coisa boa que aquele temer fez, Ferdinando, foi a única coisa boa que ele fez no mandato dele ! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk so isso

  3. O Moisés ganhou mais um “troféu Dona Carmen Lúcia de Afetividades e Emoções” por causa da frase:

    “se não tivesse contado com a bravura de Alexandre de Moraes.”

    Mas eu adorei esse texto, no geral, por ser ele bastante pessimista. Num país péssimo como o Brasil é importante sempre estarmos pessimistas para não quebrarmos a cara.

    Vai ter anistia e o Bolsonaro vai voltar, isso é dado como certo.

  4. É uma pena que o Moisés Mendes não leia a Folha (por puro preconceito petista), porque eu acredito que ele iria gostar desse artigo:

    “Quem são os intelectuais bilionários que preparam a ruptura apocalíptica de Trump”

    São bilionários-filósofos que preparam um novo tipo de “República” platônica, algo que vai muito além do fascismo.

    É uma pena que o Moisés não leia jornais.

    https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2025/04/quem-sao-os-intelectuais-bilionarios-que-preparam-a-ruptura-apocaliptica-de-trump.shtml

  5. Troféu Dona Carmen Lúcia de Afetividade e Emoções para Jd Vance, vice de Trump, que diz orar para o Papa Francisco todos os dias. Segue link abaixo:

    https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/04/20/papa-francisco-recebe-vice-presidente-dos-eua-jd-vance-no-vaticano.ghtml

    O Troféu Dona Carmen Lúcia é uma iniciativa do Blog do Moisés, oferecido a todas as lideranças muito boazinhas que fazem discursos emocionantes e que levam o Moisés às lágrimas.

  6. No final de 2023, participei de um ato-Palestina na Universidade Federal da Paraíba. Convocada pela Associação dos Docentes da UFPB, a manifestação reuniu representantes da comunidade árabe e alguns poucos e velhos líderes e militantes democratas e das esquerdas. Se havia algum estudante, não consegui identificar. Vi inúmeros deles passando ao lado e circulando nos arredores e sequer paravam antes se irem para suas salas de aula. Isso, alguns anos atrás, seria inconcebível dentro de uma universidade federal.

    Recentemente, a deputada federal Luiza Erundina, uma militante nonagenária que é exemplo de garra, coragem e integridade, lançou o manifesto Sementes da Esperança, um apelo às diferentes agremiações e correntes políticas progressistas e de esquerda para a criação de uma rede de núcleos de base autônomos em todo o país. Algo semelhante aos mesmos núcleos de base que existiram na origem do PT, numa época em que fazer parte do partido e de uma Comunidade ECLESIAl de Base (as CEBs), influenciadas pela Teologia da Libertação, ou vice-versa, era um traço bastante comum da militância.

    Enquanto o papa João Paulo II se encarregou de perseguir e minar as forças progressistas dentro da Igreja Católica, o PT, cada vez menos revolucionário e mais social-democrata, seguiu no mesmo rumo, expulsou algumas correntes e militantes mais extremistas e trocou a força da política olho no olho que era sua marca nos bairros periféricos das grandes cidades por uma postura mais institucionalizada e coerente com as regras do jogo eleitoral proposto pela classe dominante. A chegada ao poder, em 2003, e todas as medidas tomadas mais tarde pelo Congresso para estrangular financeiramente e enfraquecer o vínculo dos sindicatos com os trabalhadores foram a gota d’água para esse estado de paralisia, de torpor e de perda da consciência de classe da maioria da população excluída.

    Claro que outros fatores contribuíram para esse estágio atual, como o avanço da informatização das fábricas, bancos e empresa e as mudanças nas relações trabalhistas, a precarização do trabalho, a força e a influência das mídias sociais para alienar e desinformar, mas está na cara que é preciso reocupar os espaços perdidos para as milícias e falsos líderes religiosos, católicos ou neopentecostais, nas regiões periféricas de extrema pobreza e abandonadas pelo Estado. Não é difícil imaginar padres conservadores e insensíveis a falar de jejum nessa Semana Santa para legiões de fiéis em situação de miséria nas IGREJinhas de bairros e vilas mais afastados.

    Novamente, Luiza Erundina, a primeira prefeita de São Paulo eleita pelo PT, hoje no PSOL, está coberta de razão e aponta o caminho a ser seguido. Desde a pandemia, isso já tem sido feito por inúmeros militantes aqui do Nordeste e de alguns outros estados com projetos que vão na mesma linha dos núcleos de base do Sementes da Esperança. Sabemos que é trabalho de formiguinha, porém, momentaneamente, não vejo outra saída.

  7. Moisés, passe para o Neri o Troféu Dona Carmen Lúcia de Afetividade e Emoções.

    Fiquei emocionado com o núcleo de base “Sementes da Esperança”. O povo brasileiro me dá muita esperança e eu fico emocionado com sua luta e bravura rumo à “revolucion”.

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