ELES NÃO DESISTEM

No Brasil, os torturadores impunes, alguns mortos, outros vivos, são reverenciados publicamente pelos seguidores que chegaram ao poder.

No Uruguai, a História é literalmente desenterrada. Essa foto, do jornal La Diária, é de escavações que levaram ontem à descoberta de mais um cadáver (o quarto) de um desaparecido político.

Não são escavações feitas em cenários ‘neutros’, mas onde a ditadura (1973-1985) matou e enterrou alguns de seus inimigos. O cadáver foi achado no terreno do antigo Batalhão de Infantaria Blindado Nº 13, no bairro de Casavalle, em Montevidéu.

As escavações são feitas pelo Grupo de Investigação de Antropologia Forense (GIAF), ligado ao Judiciário, a partir de suspeitas. No mesmo local, há 14 anos, foi encontrado o cadáver do militante comunista Fernando Miranda, pai do atual presidente da Frente Ampla, Javier Miranda.

A ditadura enterrava os cadáveres em covas com cal, para que a decomposição fosse acelerada. É possível que outros restos sejam encontrados na mesma área. Os ossos encontrados ontem têm fraturas que podem indicar torturas.

Seriam 194 os uruguaios desparecidos durante a ditadura, que assassinou pelo menos cem pessoas nas prisões. A organização Mães e Familiares de Presos e Desaparecidos mantém pressão permanente sobre o governo e a Justiça.

Ontem, quando a descoberta foi feita, representantes da entidade recorreram ao Judiciário para acompanhar as escavações.

A juíza Isaura Tórtora determinou que os militares (que impediam a entrada das mães) abrissem os portões do antigo quartel. O que teria acontecido no Brasil?

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