ESTES SÃO OS BRASILEIROS NA GUERRA

São fotógrafos os correspondentes brasileiros que estão dentro da guerra na Ucrânia. Fotógrafos que fazem jornalismo são muitas vezes as mais importantes testemunhas num conflito.

Desta vez, destacam-se dois profissionais que não fazem o papel do repórter clássico narrador, que conta o que vê de acordo com os padrões ditos tradicionais.

Esses dois são homens da imagem na guerra. Eles atuam sozinhos e também são narradores. André Liohn, pela Folha, e Gabriel Chaim, pela Globo, percorrem cidades da Ucrânia e estão mais mostrando do que narrando.

Eles não precisam de um repórter tradicional ao lado deles. E Liohn, mesmo sendo um cara da imagem, publica textos na Folha.

É desfeita mais uma vez a ideia de que repórteres fotográficos devem trabalhar sempre em dupla com um repórter que narra em áudio e/ou vídeo para rádio e TV ou escreve para jornais.

Coberturas históricas de guerras tiveram fotógrafos como protagonistas do jornalismo. Nas duas grandes guerras, na África do Sul, em Angola, em todas os conflitos quase permanentes da África e do Haiti. Não é novidade.

O livro O Clube do Bangue-Bangue, sobre os terríveis embates e massacres de rua dos anos 90 na África do Sul, é um clássico sobre o trabalho maluco de quatro fotógrafos.

A novidade agora é que eles fotografam, filmam e narram, não mais com pesadas câmeras, mas com equipamentos digitais e com telefones celulares.

Outra novidade aqui é que os dois maiores grupos de mídia do Brasil têm profissionais free lancers que são dedicados à imagem na linha de frente, enquanto repórteres dos quadros das empresas ficam nas linhas de fronteira.

Grandes agências e grupos da imprensa mundial sempre usaram a mesma estratégia. André Liohn e Gabriel Chaim fazem o que poucos poderiam se dispor a fazer, e por isso estão onde estão.

Eles cobriram quase todos os confrontos bélicos e sangrentos dos últimos anos, na Líbia, na Síria, no Iraque.

Com André Liohn, a Folha parece corrigir um erro do começo do conflito, quando enviou Igor Gielow, talentoso analista político, que estava lá, mas não dentro da guerra.

Liohn é o único sul-americano a receber o Robert Capa Gold Medal, mais importante prêmio para fotografias de conflito do mundo, o Nobel do jornalismo de imagens.

Os dois fotógrafos vão agora, com a chegada das tropas russas à Kiev, para o teste de fogo da cobertura. Estamos torcendo por eles.

Estes são os brasileiros na guerra, e não os covardes fascistas bolsonaristas que foram à Ucrânia e não conseguiram nem mesmo fingir que seriam mercenários.

Viva o jornalismo.

(Dedico este texto ao meu amigo Ricardo Kadão Chaves, um dos maiores fotógrafos brasileiros de todos os tempos, e que também é um grande narrador)

Vejam a emocionante entrevista concedida por André Liohn a Marcelo Tas, no link abaixo:

https://www.facebook.com/tvcultura/videos/490615008976400

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