FALE, RAQUEL DODGE

Deltan Dallagnol, o procurador sem escrúpulos, oferece mais argumentos para que sua chefia saia do silêncio. As mensagens que o site do El País divulgou hoje, com ataques e comentários depreciativos de Dallagnol à procuradora, tirariam qualquer liderança do sério e do imobilismo.

Saberemos logo se irão abalar o silêncio obsequioso de Raquel Dodge, a procuradora que até hoje nada comenta sobre nada, que aguarda um sinal de que Bolsonaro pode passar a cortejá-la para a recondução à Procuradoria-Geral da República e que se mostra incapaz de arbitrar, por prerrogativa, por liderança, por imposição hierárquica, as ações da sua turma em Curitiba.

Dallagnol diz nas mensagens que não confia na chefe, porque ela atrasa acordos de delação. Sente saudade de Rodrigo Janot. Planeja (talvez tenha feito) usar a tática de plantar notícias na imprensa contra a procuradora. E estimula os colegas a debocharem da autoridade que deveria chefiá-los.

Dallagnol sempre teve pressa para agir contra Lula, e Raquel parecia não acompanhar o ritmo da força-tarefa. A procuradora não irá gostar de ler o que El País publica.

Raquel Dodge teve um encontro recente com Dallagnol e mandou recados à imprensa, dizendo que ainda confia no subalterno. Com as mensagens divulgadas agora, pode continuar afirmando a mesma coisa, o que não causaria nenhuma surpresa.

Curitiba era e talvez ainda seja um ninho de cobras. Está claro nas mensagens anteriores, também divulgadas, pelo El País, que Dallagnol não tinha a confiança de muitos procuradores.

Alguns deles demonstravam constrangimento com as atitudes de quem deveria ser o chefe da força-tarefa (sabemos agora que o chefe de fato era Sergio Moro), principalmente pela avidez com que Dallagnol tratava as conversas sobre palestras pagas.

Os procuradores desconfiavam de Dallagnol, que desconfiava de Raquel, envolvida, segundo ele, numa aproximação demasiada com Gilmar Mendes, para quem sabe virar ministra do Supremo.

Lembremos que Dallagnol não teve o apoio de Raquel para abocanhar os R$ 2,5 bilhões da Petrobras que seriam destinados à fundação que, dizia ele, iria ajudar no combate à corrupção. Até hoje essa história não foi bem contada.

Com as novas mensagens, Raquel Dodge terá de falar, ou prolongará um silêncio que retumba em Brasília e poderá consumir o que resta da sua autoridade.

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