Flávio tenta meter medo nos juízes do TSE: não mexam com papai

O TSE pode cometer atrocidades contra a democracia, como o bolsonarismo tentou no 8 de janeiro? Pelo que Flávio Bolsonaro disse à Folha, sim.

Se o TSE não repetir o que fez em 2021, quando poupou Bolsonaro da condenação, o tribunal estará sendo arbitrário e interferindo na democracia e no direito do acampado em Orlando de continuar impune.

É o recado de Flávio na entrevista publicada hoje, na antevéspera do desfecho para as ações que correm no TSE e que podem tornar o pai inelegível.

Flávio está no ataque. O senador não diz esperar uma decisão sensata do TSE. E não sugere que Bolsonaro possa estar confiante.

Com a arrogância que sobreviveu ao baque na eleição, à fuga de Bolsonaro para os Estados Unidos, ao fracasso do 8 de janeiro e ao contrabando das joias, Flavio tenta meter medo nos ministros da mais alta Corte eleitoral do país.

Não mexam com papai. Não condenem o golpista que, cassado, pode voltar ainda mais forte e se transformar no maior cabo eleitoral da História.

Flávio, o pai e os irmãos escapam sempre. Ele mesmo já colocou sob suspeição todos os que investigaram ou denunciaram os casos escabrosos da família, das rachadinhas à lavagem de dinheiro na compra de imóveis.

Flávio sabe que, vacilante, o TSE poupou Bolsonaro nas duas ações que poderiam ter cassado, por delitos provados, a chapa vitoriosa em 2018.

Sabe que as circunstâncias podem prolongar a impunidade de toda a família. E que o tempo vai se alongar e dará conta do resto.

Na entrevista, o senador afronta a Justiça, e não só o TSE, e debocha de novo do encarceramento de Lula, que permitiu a vitória do pai e teve a retribuição do emprego a Sergio Moro logo depois.

O TSE só ficaria em situação complicada com as declarações do filho, se houvesse a crença majoritária no encolhimento da Corte diante da ameaça.

Flávio pode, sem outra alternativa, ter passado dos limites. A afronta é grave, porque tenta submeter os juízes do TSE às suas advertências, com a insinuação de que o tribunal pode ser incompetente e até criminoso.

Dizer que o TSE pode cometer uma atrocidade contra a democracia é uma acusação pesada demais.

Não seria uma atrocidade apenas contra o pai dele, mas contra a democracia, como se essa dependesse da impunidade de Bolsonaro.

É um recado desaforado ao tribunal que garantiu a eleição do ano passado. Flávio comporta-se como participante do grande Big Brother do bolsonarismo.

O pai está em Orlando, a família o protege como pode, o PL não sabe o que faz com Michelle e o próprio Bolsonaro, e o TSE tenta se livrar do estigma da passada de pano de 2021.

É uma aposta da família no pode tudo de novo. Flávio deixou claro. Se mexerem com papai, o bicho vai pegar e a extrema direita volta mais forte na eleição do ano que vem.

A História, a literatura, o cinema e principalmente as autoridades envolvidas com quadrilhas, gangues e máfias já nos ofereceram detalhes de exemplos clássicos de como isso funciona.

O TSE pode ter recebido de Flavio o melhor argumento para que, desta vez, não poupe Bolsonaro.

Se poupar, será engolido pelo pai e pelos filhos do novo fascismo brasileiro, sem nova chance para se redimir.

3 thoughts on “Flávio tenta meter medo nos juízes do TSE: não mexam com papai

  1. Como se diz, é chegada a hora a de separar o joio do trigo. O Brasil e suas instituições, já deram provas suficientes de que não somos sérios. Nossas decisões, que deviam ser técnicas, estão eivadas do famoso jeitinho. O STF pensa e sabe que Bolsonaro é culpado de uma série de crimes, uma decisão tecnicamente forte, embasada em fatos já apurados, MAS, também pensa que se Bolsonaro for acusado e declarado culpado na última instância, isto pode convulsionar o país, com hordas de miions saindo as ruas e quebrando tudo. Então o que fazem – seguem a decisão técnica ou a política? Ou mandam para a primeira instância? Para se livrar do pepino sabendo que lá um processo destes, com juízes amigos ou comprados, vai levar décadas para ser julgado, caducando antes de qualquer decisão, ou talvez até mesmo o Bolsonaro morrendo (de idade) antes. O Brasil realmente não é um país sério e a sociedade não se mobiliza para pressionar as coisas que sabidamente estão erradas a se tornarem certas. Até cláusula pétrea da Constituição pode ser mudada, se um grupo relativamente pequeno assim desejar – e tiver poder e força suficiente para convencer outros de que estão certos.
    Será que ainda vamos ser uma nação de fato algum dia? Ou vamos ser sempre um pedaço de terra habitado por pessoas diferentes que as vezes nem conseguem se conversar por terem pensamentos e ideias tão antagonicas?
    Sempre alguém vai dizer que somos uma nação ultra moderna, com leis criadas justamente para atender todas as pessoas e ninguém se sentir injustiçado. Com certeza alguém ainda vai dizer que isto sim é ser moderno e avançado.

  2. Rachadinha e o seu jeito miliciano de ser! Se as Instituições estiverem “funcionando normalmente”, a impunidade continua. Se algum brio surgiu nos magistrados, inelegibilidade e prisão aguardam a famiglia, começando pelo chefe! O grande problema é quantas décadas seriam necessárias para isso…

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