Gonzaguinha não pode?

Peguei ao acaso ontem aqui uns debates fortes sobre a transformação da música do Gonzaguinha em samba-enredo do Império Serrano. Hoje li críticas de especialistas à escolha.
Eu acho que ‘O que é o que é’ cumpriu o que parece elementar em qualquer arte dita popular: emocionar.
Se emocionou é porque funcionou. Mas aí apareceram os entendidos (entre os quais o Mauro Ferreira, do Globo) para dizerem que não era para ter se emocionado, porque a música não é um samba-enredo, não fala da Grécia antiga, de Alexandre o Grande e dos jardins suspensos da Babilònia.
O Brasil cada vez mais esquemático e cartesiano do bolsonarismo tenta nos convencer de que, nas caixinhas do Carnaval, Gonzaguinha atravessa o samba, por isso e por aquilo. Luan Santana pode?
Uma música bonita, com o poder de nos oferecer alguma perspectiva de alegria e esperança num momento de desgraças, não é adequada a um desfile que tem como principal missão provocar encantamento? Que a alegria seja sempre transgressora.
Mas perdemos até o direito de cantar a vida, porque ela não combina com a batida da bateria. Saudade de Joãozinho Trinta.
Aí nem o meteoro aguenta.

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