Indignação bem seletiva
Há uma natural reação contra as vaias dirigidas à jornalista Miriam Leitão, num voo entre Brasília e o Rio, dia desses. Os vaiadores seriam petistas que fizeram um jogral improvisado no avião.
É claro que não há como achar que isso seja normal. Também não deve ser considerado normal que jornalistas disseminadores de ódios semelhantes tenham saído no socorro a Miriam, quando tudo o que fazem pelo rádio, pelos jornais e pela TV (são ocupantes de todos os veículos ao mesmo tempo) é o massacre diário de quem for de esquerda.
Gente do lado contrário ao de Miriam é vaiada da manhã à tarde pelos comentaristas, ou Miriam não tem lado? É uma vaia sem fim, ao vivo, aos gritos, em veículos de massa, com pré-julgamentos, frases feitas e a repetição de acusações sem provas.
Não vi a maioria desses jornalistas se manifestar quando a mulher e a família de Lula foram atacadas e cercadas pelas hienas do golpe. A vaia não era dentro de um avião? E não era contra jornalistas? Ah, bom.
Também não percebi a indignação dos mesmos jornalistas quando famoso comunicador pop básico do Estado, pediu aos berros no ar que bandidos matassem colegas (e familiares) defensores dos direitos humanos. É o mesmo que pediu que cuspissem em Lula.
Eu sou vaiado todos os dias aqui na internet. E já fui cercado por um sujeito agressivo, no elevador da Assembleia, e por outro da direita surtada num corredor do Barra Shopping.
Não é natural, não é só em aviões e é para os dois lados. E peço, por favor, que jornalistas fofos da direita não me defendam.