Isso é muito feio
A notícia sobre a pesquisa que a Folha escondeu (62% dos eleitores querem novas eleições) está em todos os sites hoje, inclusive de O Globo.
Mas não há uma linha, uma só, sobre o fato na versão impressa da própria Folha. Nem no online.
Vasculhei a Folha agora e não achei nada. Posso não ter visto algum registro sobre o “erro”, perdido em algum canto, mas admito que não achei nada. Quem tiver alguma informação, que me passe.
O que está claro sobre a pesquisa é que a Folha fez uma opção desrespeitosa (para usar um eufemismo) não só com seus leitores. Não se trata aqui de debater critérios jornalísticos. O erro cometido está acima de normas de redação ou de bom senso para quem lida com informação.
Não é um erro como muitos dos cometidos todos os dias nas redações e que são da natureza do jornalismo. É um “erro” deliberado, que não poderia ficar impune.
É óbvio demais que, se uma pesquisa diz que 62% da população deseja eleições, essa informação é mais relevante do que outro dado que diz que, entre Temer e Dilma, os eleitores (50%) preferem Temer (mesmo que também esse dado esteja sob suspeita).
Dois terços da população querem novas eleições, não querem Temer.
O que a Folha fez compromete o jornalismo dito independente e subestima o contingente da população que o sustenta, a classe média crítica, bem informada, que hoje se abastece de outros meios para pelo menos diversificar pontos de vista.
Foi o que os blogs fizeram a respeito da controversa pesquisa. Sem o esforço dos blogueiros para entender o levantamento do Datafolha e suas interpretações, o dado escondido continuaria sob o tapete.
A transparência que o jornalismo sempre defende deve valer também para o próprio jornalismo, ou veículos como a Folha estarão, a partir de agora, sempre sob suspeita.
O relatório do próprio Datafolha, que denuncia a fraude jornalística cometida pelo jornal, está no linck abaixo:
http://media.folha.uol.com.br/datafolha/2016/07/20/av-presidente-michel-temer-completa.pdf