MARIGHELLA

Marighella, o filme da estreia de Wagner Moura na direção, foi selecionado para o Festival de Berlim. O chanceler Araujo, Damares Alves, Vélez-Rodriguez, Sergio Moro e Bolsonaro já devem estar sabendo. A seleção é uma gargalhada na cara de todos eles.

Moura diz que o filme provocará a esquerda e a direita, mas é claramente favorável à imagem do militante Carlos Marighella como herói.

É interessante que Seu Jorge interprete o comunista Marighella, que todos consideravam mulato. O cantor é negro. Moura explica e tem um bom argumento: queria um ator bem negro, preto mesmo, para realçar ainda mais a negritude do personagem.

Nos anos 80, li Batismo de Sangue – Os dominicanos e a morte de Carlos Marighella, de Frei Betto (Civilização Brasileira), editado em 1982. Ainda tenho o exemplar de número 0803 da quarta edição. Mas não li o livro do jornalista Mário Magalhães, no qual o filme se baseia.

Batismo de Sangue deveria ser lido pelos estudantes, para que tenham a compreensão do que foi possível fazer na resistência política da clandestinidade naqueles tempos de perseguições, tortura, morte e desaparecimentos.

O filme é assumidamente engajado ao que conta, como deve ser a arte que lida com memória e história de tempos tenebrosos. Só ingênuos entram na conversa fiada do distanciamento.

Os isentos, os ditos imparciais, os fofos e os submissos que continuem enrolando trouxas, inclusive no jornalismo.

Marighella estreia no Brasil na segunda semana de abril. Gosto da figura de Marighella. Aprendi a respeitá-lo a partir do livro de Frei Betto com os relatos da resistência ao lado dos freis dominicanos.

Com o filme, vamos aprender a gostar ainda mais desse artista grandioso, atrevido e valente chamado Wagner Moura.
Viva o baiano Marighella. Viva o baiano Wagner Moura.

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