MARINA PODE? HUCK NÃO PODE? E FH?
O melhor debate, nos intervalos das notícias sobre a vida complicada da família Bolsonaro, é esse sobre os limites para escolher companhias, na resistência ao fascismo e nas tentativas de definição de um discurso de esquerda com um mínimo de unidade.
Quem é a nossa turma? – é o que todo mundo se pergunta. São boas as controvérsias sobre frentes, alianças, conversas e até as concessões a arrependidos. Pode conversar com o Alckmin, mas não com Fernando Henrique?
É a hora de acolher finalmente Ciro Gomes numa roda de entendimentos com Fernando Haddad, para que os desentendimentos não continuem prevalecendo? Pode Marina Silva? Não pode Luciano Huck?
A clausura da pandemia vai oferecendo essas oportunidades de diálogos com esse recurso da moda para interações a distância. Todo mundo em casa falando de todas as coisas. Quando um termina de falar, o último na roda nem sabe onde a conversa começou.
Mas é bom, é assim que a vida vai andar a partir de agora. Conclaves virtuais, com torcidas virtuais. O que mais vai se debater nesse inverno é quem pode e não pode ir a debates online com as esquerdas.
É complicado, porque se Haddad não vai a um debate com Fernando Henrique e Ciro Gomes, muitos dirão que ele foi convidado e esnobou a turma.
Esse ato virtual desta sexta-feira, por exemplo, já afastou o presidente do Supremo, Dias Toffoli, que iria e não vai mais. Mas Huck vai. É uma iniciativa do grupo Direitos Já, organizado pelo sociólogo Fernando Guimarães.
É um movimento que não anda pra frente e leva muito pau da esquerda. Lula foi chamado, mas não vai porque pretende escolher melhor a turma. Haddad vai. Moro não foi oficialmente convidado, mas alguns chegaram a pensar em empurrá-lo para a turma.
Se Moro entrasse, quase todos saltariam fora. Moro deve tentar se enturmar com o pessoal dissidente do Bolsonaro.
Anunciados, Michel Temer e José Sarney também mão vão. Mas FH estará presente, com Marina. Outros participantes: o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, Marina Silva, o arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, Guilherme Boulos, o governador Flávio Dino, do Maranhão, Marcelo Freixo, Aldo Rebelo.
Toffoli sentiu que o ato poderá ser uma pauleira contra Bolsonaro e saltou fora. Tem muita gente que ainda respeita institucionalmente Bolsonaro, o que faz sentido, porque o respeito ao sujeito hoje para ser apenas uma convenção.
Agora, imaginem um debate desses com Luciano Huck com aquela conversa colegial e chata de quem vê tudo pelo altruísmo mais primário.
Não dá para acreditar em coisa muito produtivas. Mas pode ser aquecimento para tentativas de algo maior e com gente mais selecionada.
(Abaixo, o link para a página do movimento do movimento e do ato virtual)
O momento é para ação, como os fascistas estão fazendo, e não para conversa fiada de gente enfarada de ficar em casa.
Como se diz na roça: primeiro vamos plantar o milho, depois decidimos se vamos fazer pamonha ou curau.