MORO MANTÉM AS POSIÇÕES BOLSONARISTAS?
Sergio Moro está pedindo nas redes sociais que as pessoas fiquem em casa. Hoje, tardiamente, parece irrelevante o que Moro possa pensar do isolamento social.
Na condição de ministro, ele nunca disse nada sobre as medidas de contenção que os governadores defendem bravamente, enquanto são ameaçados por Bolsonaro.
O que interessa saber hoje, mais como curiosidade, é se Moro mantém algumas ideias do eixo ideológico e criminoso do bolsonarismo.
Aquela ideia de que dá para atirar para matar, se o policial estiver sob violenta emoção (ou tenha sido ‘surpreendido’), continua valendo?
E qual era a boa daquele projeto de defesa do cigarro nacional? Aquilo seria lobby de Onyx Lorenzoni com as fumageiras gaúchas?
Era intrigante a defesa categórica do projeto do cigarro, que só não prosperou por causa da reação de médicos e ambientalistas.
A defesa do excludente de ilicitude de Bolsonaro até fazia sentido, porque o homem tem essa posição e Moro precisava fazer média com o chefe. Era um juiz defendendo execuções sumárias.
A defesa da liberação das armas também, porque a indústria da arma tem fortes vínculos com os Bolsonaros, e a base social mais fiel à família é de armamentistas.
Mas nunca me convenci de que aquela história do cigarro nacional era coisa da cabeça do ex-juiz.
Que conversa era aquela da superioridade do cigarro nacional diante do cigarro paraguaio?
Um dia Moro terá de contar tudo o que for confessável, e essa história do cigarro terá de ser bem explicada.
Antes, ele precisa reunir as provas contra Bolsonaro. Que aproveite e reúna o que tem contra os filhos do sujeito, porque teve acesso a informações sobre os crimes que a família cometeu no Rio e sobre outras suspeitas.
Se não conseguir limpar a ficha até a campanha para 2022, Sergio Moro vai acabar virando um Álvaro Dias, mas sem a voz do outro.
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O SUPREMO COM BOLSONARO
A Folha traz uma reportagem devastadora sobre a repercussão da saída de Moro entre as altas figuras do Judiciário.
Para quem acha ou achava que as altas cortes do país poderiam finalmente enfrentar Bolsonaro, principalmente o Supremo, o caminho parece ser o contrário.
Este é o começo do texto de Matheus Teixeira e Talita Fernandes:
“As mudanças promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Ministério da Justiça e na AGU (Advocacia-Geral da União) foram bem recebidas pelas cortes superiores, em Brasília.
Além de melhorar o diálogo com o governo, a expectativa de ministros dos tribunais é a de que cresça a influência do STF (Supremo Tribunal Federal) no Poder Executivo.
Agradou ao Judiciário, em especial, a troca de Sergio Moro por André Mendonça na Justiça. Ministros veem na substituição a possibilidade de alinhar ações e ampliar as conversas com o governo.
Integrantes do Supremo dizem acreditar, por exemplo, que o Ministério da Justiça e Segurança Pública, sob novo comando, trabalhará mais afinado com o Supremo e com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em relação ao combate à violência e à política carcerária.
Havia uma queixa quase que unânime de que o ex-juiz da Operação Lava Jato manteve ao longo de quase um ano e meio uma postura de isolamento”.
É para destruir qualquer expectativa. O Supremo quer trabalhar ao lado de Bolsonaro.
Moro é malandro e Bolsonaro muito bem orientado.
Nenhum deles constroem provas contra si. Já não faziam antes do intercept. Note que ele mal se comunicava pelo telegran.
Em regra, durante o governo, eles só se falavam pessoalmente. Se ele tem provas do assédio de Bolsonaro é testemunhal ou ele andou gravando secretamente as reuniões. Quero ver isso. Vai ser instrutivo.
Com a última notícia da Mônica Bergamo, sobre os 14 juristas e advogados entrando com ações contra Moro, parece que Moro está bem encrencado! Rsrs. Agora, ou ele prova ou ele desce. Sorte a dele se foi esperto e gravou reuniões. Do contrário… Rsrs.