MORO NÃO SE AFLIGE COM OS MILICIANOS

Sergio Moro ficou desconfortável na quarta-feira à noite, na entrevista ao programa Central GloboNews, ao ser apontado por um fã declarado como membro de um governo ligado a milicianos. Para atacar Bolsonaro, Merval Pereira abordou a morte do miliciano Adriano da Nóbrega na Bahia.

Fez uma volta para chegar ao que seria a pergunta e cercou o ex-juiz. Merval queria saber como Moro via, como ministro da Justiça, os comentários do presidente, logo depois da execução de Adriano, de que era preciso investigar tudo sobre a morte do homem que ele homenageou como herói.

Moro pegou carona nas voltas de Merval e não disse nada com nada. Assegurou que Bolsonaro não tem ligações com milicianos, que o presidente deseja investigar o crime onde estiver e que ele mesmo, o ex-juiz, incluiu as milícias no seu pacote anticrime como um dos grupos que devem ser investigados e punidos com mais rigor.

Cristiana Lobo quis saber o que Moro acha de Adriano ser financiado por milicianos (conforme reportagem da Folha de S. Paulo) e a conversa ficou nisso mesmo. A força do que Moro acha sobre as milícias parece ter a mesma ênfase do que ele acha sobre a importância do cigarro nacional.

O que a entrevista à GloboNews trouxe de novo é que jornalistas de direita, todos lavajatistas, finalmente apontaram o juiz como parte de um poder moralmente corrompido.

Moro é parte de um governo em que o líder e seus filhos têm envolvimento comprovado com milicianos e homenageiam milicianos.
Mas Sergio Moro não liga muito e já fala dessa relação com certa naturalidade.

Moro admira Bolsonaro. Não nega que deseja ser ministro do Supremo apadrinhado pele chefe, mas nega, para não provocar o chefe, que pretenda fazer carreira política ou se filiar a partidos.

Moro perdeu até a capacidade de irritar quem condena suas atitudes desde o tempo da Lava-Jato. Parece sem força para produzir algo mais inventivo como protagonista da extrema direita.

Falta a Sergio Moro o brilho dos direitistas médios (nem precisa ser dos grandes). O ex-juiz pode até vir a ser candidato em 2022 e pode, tudo é possível, até ser eleito. Mas até lá não se livrará da condição de simplório que flana na fama da Lava-Jato e repete platitudes.

Ontem ele repetiu o que já disse dezenas de vezes em entrevistas. “Não interessa a cor do gato, interessa que o gato cace o rato”.
Dizem que seria uma frase de Deng Xiaoping, mas agora já é propriedade de Sergio Moro. Para a extrema direita, os bichos estão tão misturados que nem interessa mais saber o que é rato e o que é gato.

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