Muitos pariram Aécio, mas não há mais quem o embale

Aécio Neves, o sujeito que começou a crise política brasileira até o golpe de agosto contra Dilma Rousseff, não é apenas um coronel mineiro que ameaçava matar as mulas que poderiam abastecê-lo com propina.

Aécio é a expressão da direita militante, da classe média verde-amarela que batia panelas e de uma certa inteligência reacionária que via os tucanos como a promessa da mudernidade. Aécio era o queridinho da maioria da imprensa que o sustentou como bom moço há até bem pouco.

Abandonaram Aécio os que o empurraram como perdedor ressentido para a aventura de questionar a vitória de Dilma logo depois da eleição. Que o fizeram recorrer ao TSE contra as contas de Dilma-Temer. E que o transformaram em um dos líderes da campanha suja sobre as pedaladas.

A classe média conservadora, que mais do que tucana é antipetista, adorava Aécio e está compreensivelmente consternada e silenciosa. Mas que covardia explica o silêncio de intelectuais e jornalistas que o promoveram a gestor juramentado de Minas Gerais, enquanto estudos mostram que ele é, na verdade, o mais medíocre de todos os senadores?

Por que se calaram os cientistas políticos, economistas, sociólogos e outros especialistas, todos frequentadores cativos dos debates entre tucanos da Globo News, que apontavam Aécio como a única chance de redenção do Brasil?

Aécio foi denunciado por corrupção passiva e obstrução de Justiça pela Procuradoria-Geral da República. São agora oito inquéritos abertos contra o mineiro que driblava a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário.

Todos sabiam que Aécio era o chefe de uma gangue em Minas. Mas ninguém chegava perto do mineiro intocável, até que um dia apareceu o Fator Joesley.

Sem Joesley, Aécio continuaria impune, enquanto Lula é processado pela suspeita de que alguns pedalinhos e um tríplex seriam indícios de suas ligações criminosas.

Aécio já foi abandonado pelos parceiros do alto e do baixo tucanato, pela Globo e pelos intelectuais e jornalistas que ajudaram a inventá-lo.

Aécio é um traste, mas ainda em liberdade, enquanto a irmã que trabalhava a seu mando está presa em Belo Horizonte. Apesar da incompetência, ele carregava nas costas os sonhos e projetos do reacionarismo nacional. Aécio é a mula abandonada pela direita golpista.

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