NÃO ERA O BOLSONARO

Sergio Moro estragou Bolsonaro. Não é mais o mesmo homem vibrante do discurso para defensores da ditadura domingo em Brasília.

Foi fraco, cordial demais e repetitivo o seu discurso tentando rebater as acusações fortes que Sergio Moro fez pela manhã.

Foi frustrante principalmente pelo tom, bem abaixo do costumeiro, apesar do improviso, que sempre o conduz a tiradas imprevisíveis.

Todos esperavam uma sequência de ataques, uma delação superpremiada, e apareceu um Bolsonaro controlado pelos militares, que misturou a sogra, a avó da mulher, a morte de Marielle, o porteiro do condomínio, o Inmetro, tacógrafos, o Queiroz, os filhos, a namorada do filho.

Bolsonaro não tem mais o controle de nada e não deve se esperar que possa ter o controle da própria fala.
Algumas observações:

– A facada que ele sofreu em Minas e a morte de Marielle seriam a mesma coisa. Essa foi braba.

– Moro o esnobou no aeroporto em Brasília em março de 2017 e ele quase foi ás lágrimas, porque o juiz era seu ídolo.

– Nunca pediu a ninguém que blindasse alguém.

– Citou Abraham Weintraub como exemplo de ministro que leva pau.

– Disse que o delegado Valeixo foi mandado embora porque já estava cansado.

– Fala com qualquer um, inclusive o chefe da Polícia Federal, porque tem prerrogativas como presidente.

– Acusou Moro de tentar negociar a demissão do delegado, para depois de novembro, desde que Bolsonaro o indicasse para o Supremo.

– Admitiu que tentou trocar o superintendente da PF no Rio quando investigaram seu filho menor na morte de Marielle.

– Confessou ter cópia de um relatório confidencial da PF sobre esse caso.

– Não aceita que Moro o chame de mentiroso.

É um resumo precário, porque a fala toda foi precária, do improviso ao texto lido.

Uma pergunta: o que o filho Eduardo, o deputado Helio Negão e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estavam fazendo ali?

Sim, sabemos que o filho é um príncipe da Arábia Saudita e que Helio está sempre ao lado de Bolsonaro, mas precisavam estar ali entre ministros, como se fossem seguranças?

E o que leva o presidente do Banco Central a participar de um evento constrangedor, ao lado de ministros de Bolsonaro, se sua função não tem nenhuma relação com a atividade política?

Bolsonaro tentou não ser Bolsonaro e não deu certo. Defendeu-se muito e atacou pouco.

Passou uma falsa ideia de grandeza diante do massacre de Moro. O ex-juiz está vencendo por pontos, mas se for um pouco mais intenso ainda pode ganhar por nocaute.

2 thoughts on “NÃO ERA O BOLSONARO

  1. Tá Moisés, me explica o significado da “manifestação” do Guedes..De máscara, sem terno e Pés descalços. …Voto de pobreza?

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