NÃO HAVERÁ VITÓRIA SEM O RESGATE DA BANDEIRA

Não é por civismo calhorda, mas por missão de guerra mesmo. Tomar a bandeira das mãos do fascismo poderá ser a maior reconquista simbólica da democracia brasileira no século 21.

As três manifestações contra Bolsonaro em Porto Alegre tiveram marcas bem definidas. A primeira, de 29 de maio, foi a da volta dos jovens às ruas. A segunda, em 19 de junho, com chuva, foi a da reafirmação da resistência de quem não temeu a garoa e o frio.

A manifestação deste sábado, a maior de todas, foi a da ressurreição da bandeira verde-amarela. O povo deixou claro que, sem o resgate da bandeira, o fim do bolsonarismo terá sido uma vitória incompleta.

Com a queda de Bolsonaro (antes ou depois da eleição), o país pode recuperar o petróleo, as estatais, os serviços públicos e seus servidores e a missão constitucional das Forças Armadas em tempos de paz, dentro dos quartéis, e não dentro de governos.

Mas será um país infeliz se não recuperar a bandeira sequestrada pela extrema direita. A controvérsia criada pelos que rejeitam a bandeira não existe mais.

As manifestações do sábado expuseram vontades que precisam ser respeitadas. Gente de todas as idades reaproximando-se da bandeira, como nunca antes havia acontecido em manifestações democráticas desde o golpe de agosto de 2016.

Em Porto Alerte, os manifestantes desciam a Avenida Borges de Medeiros, em direção ao Largo Glênio Peres, carregando bandeiras e enrolados em bandeiras, como nos velhos tempos das Diretas Já e dos caras-pintadas.

O combate ao bolsonarismo passa a ser mobilizado também pelo desejo de ter a bandeira de volta às ruas nas mãos de democratas.

Imagens do Rio, da Avenida Paulista e de outras capitais e de cidades do interior também mostram uma quantidade de bandeiras muito acima da média de atos das esquerdas e que passam a não ser apenas das esquerdas.

Nesse ambiente, ganha força a imagem do deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), divulgada no sábado, em que ele aparece vestindo uma camiseta diferente do Flamengo. Não uma camiseta rubro-negra, mas verde-amarela.

Freixo pode conseguir parte do que Guilherme Boulos tentou, mas fracassou, em 2018, quando vestiu a camiseta da Seleção e foi vaiado por boa parte das esquerdas. Vamos começar pelo resgate do verde-amarelo na camiseta do Flamengo.

Aos poucos, poderemos ir amarelando as camisetas de Fluminense, Ceará, Palmeiras, Avaí, Internacional, Sport, Cruzeiro, Vasco, Corinthians, Athletico Paranaense.

O resgate da camiseta da Seleção (essa que não usa o número 24 porque é do veado) fica para depois, porque continuará envolto em controvérsias. Será que vale a pena? Por enquanto, deixem a camisa com os tios da direita.

Mas o resgate da bandeira não tem negociação. O bolsonarismo precisa ser constrangido a não carregar mais a bandeira nas ruas.

O que se anuncia a partir desse sábado é uma guerra com muitas batalhas. O que se viu nas manifestações é um sinal de que há disposição para a luta.

É impossível imaginar-se que a campanha de Lula e dos democratas de centro que a ele se juntarem, na eleição do ano que vem, não conte com a bandeira.

A democracia e a autoestima do país dependem do resgate da bandeira. A direita e a extrema direita que fiquem com a camiseta de Neymar.

5 thoughts on “NÃO HAVERÁ VITÓRIA SEM O RESGATE DA BANDEIRA

  1. Que a extrema-direita fique com a bandeira dos eua, que ela tanto ama! Aliás, hoje deve estar comemorando o DIA de sua independência… pois que hasteiem a “red, blue and white” e que a família de milicianos que preside nosso país POSSa contemplá-la de trás DAs grades, sua nova moradia PELAs próximas décadas!

  2. Ótimo texto, expressou todo sentimento contido d@s progressistas. A bandeira é de tod@s, já as camisas das seleções de futebol, do vôlei…

  3. Caro Moisés.
    Sou daqueles que acreditam que nāo tem mais nada para ser resgatado ou ser recuperado. Sinto dizer, mas às coisas mudaram.
    Temos sim que mudar de bandeira, como fez a Alemanha. O verde-amarelo jamais vai ser novamente a minha bandeira, ela foi adotada pelos fascistas. Nem a camiseta da seleção me representa mais. As coisas mudaram profundamente Moisés, o Ordem e Progresso, nāo me representa mais e muito menos o verde-amarelo. Alguma coisa quebrou e se rompeu dentro de mim. verde-amarelo nunca mais. Pra mim sempre vai ser um símbolo dos fascistas e da família imperial brasileira.
    Nāo tem mais volta, acabou. Criem outra bandeira, Brasil nāo vem brasa ???

  4. Me somo aos que discordam. Temos a oportunidade de recriar a bandeira nacional. Até porque ela é a história de transições políticas golpistas e negociadas. O verde e amarelo vem das dinastias portuguesas. O azul e o lema da republica “proclamada” por militares monarquistas. Ela significa a mudança para que nada mude. A bandeira deve ser recriada, aproveitando o verde amarelo , mas resignificadA, combinando com as cores do pan-africanismo.
    A direita jamais vai abandonar o nacionalismo fascista. O mesmo acontece na França com a turma do Le Pen, que se apropriam dos símbolos nacionais.
    Os clubes de futebol fazem isso todo o tempo, mesmo que com outras motivações. Usam os padrões originais e fazem recriações. CAdê os designers de esquerda para difundirem camisas que antagonizem com a da CBF e bandeiras alternativas?

  5. Estou estudando vIrar nordestino, lampionista, africano ou venezuelano. Nao aguento mais o povo pseudo brasileiro (60 milhoes), a nossa ex bandeira virou saco de lixo e para juntar cocô de cachOrro . Já tem quem ama a bandeira de israel !!

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