NÃO TENHO CONSELHOS

Tem muita gente dando a receita do que os jovens devem fazer neste domingo, se devem ficar em casa ou ir pra rua.

Se os jovens fossem sempre escutar os mais velhos ou mais maduros, não teriam feito o que fizeram em Paris em 68.

Nem teriam saído agora pelas ruas do mundo pela memória de George
Floyd e contra o racismo.

Há uma certa irracionalidade nesse impulso que os tira da clausura e da vida remota e os devolve ao mundo como resistência.

Mas sempre foi assim, com e sem pandemia, com e sem repressão, com infiltrados, com ameaças de golpe, com fascismos, nazismos, ditaduras.

Eu só digo, depois de tanto desencanto, que seremos salvos de novo pelos jovens. Não há outro jeito. Eu torço por eles por interesse mesmo. Que eles nos tirem desse buraco.

Porque nessa hora nós, os que damos palpites, só temos essa missão no mundo hoje: dar palpites.

Se fosse dar conselhos, diria que esperassem mais um pouco, mais uma ou duas semanas, ou quem sabe a chegada da primavera.

Mas não sei mesmo se tenho esse direito. Digo sinceramente que me incomoda a tentação de ser conselheiro nessas circunstâncias.

Não serei conselheiro de ninguém. Que, se quiserem, ouçam pais, tios, amigos, namoradas e colegas e façam o que acham que deva ser feito. Torço por vocês e por nós.

4 thoughts on “NÃO TENHO CONSELHOS

  1. Também leio seus textos com muito prazer. Torço para que continue a nos brindar com eles. Como você, eu não sei que conselho daria, mas minha vontade é que saiam e protestem muito.

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