O 7 DE SETEMBRO PODE SER DOMINADO PELA DIREITA?
Um amigo paulista, jornalista, militante de esquerda mas sem vínculos com partidos, me indaga pelo Whats: como será o 7 de setembro da resistência antifascista em Porto Alegre, gaúcho?
Digo, divagando, que espero um ato maior do que os outros três já realizados. O paulista não fica satisfeito e insiste: não quero saber da sua torcida, quero saber qual é o sentimento aí em relação ao 7 de setembro.
E aí conversamos à moda antiga, por telefone, porque trocas de mensagens não dão conta das incertezas às vésperas de um 7 de setembro que pode ser tenebroso.
O que eu disse, para estar mais perto do que considero a verdade, é que não sei quase nada. Que percebo poucas referências às manifestações pela esquerda e que a presença hoje, na internet, é a da imposição da extrema direita nacional.
Claro que não frequento redes da direita, mas sei, por tudo o que se divulga do 7 de setembro, que a maioria das informações trata da ameaça da presença maciça de policiais militares da reserva misturados a evangélicos e tios de camiseta amarela nas ruas.
Mas e aí em Porto Alegre? – insistiu meu amigo. Aqui, tenho a sensação de que sou um dos mais desinformados sobre o que pode acontecer na manifestação das esquerdas.
Sei tudo sobre a controvérsia de São Paulo, onde a última informação é a de que o governo, por ordem da Justiça, deve permitir que os dois lados saiam às ruas, mesmo que João Doria tenha tentado impedir a presença dos que vão protestar contra Bolsonaro e o fascismo.
O detalhe curioso dessa informação é que a Justiça determinou também que o governo garanta não só espaços públicos nas cidades, mas também segurança aos manifestantes antiBolsonaro.
Com a adesão maciça de lideranças da PM aos atos pró-golpe, não deixa de ser estranho que as esquerdas tenham proteção da própria PM.
Claro que a segurança é um dever do Estado e que não há como ser de outro jeito. É a PM que pode proteger as esquerdas, assim como pode reprimir, e já reprimiu muito, e com muita violência.
É natural que a pergunta inquiete quem pretende sair às ruas: seremos protegidos pela mesma PM que majoritariamente deseja o golpe e que promete levar seus reservistas aos atos pró-Bolsonaro?
É complicado. A conclusão da conversa com meu amigo paulista é a de que, lá e aqui, não se percebe ainda nada que passe determinação nas esquerdas.
Não há vigor disseminado na defesa dos atos de 7 de setembro, como contraponto à presença assertiva da direita em quase todas as informações sobre as manifestações.
Resumindo: até agora, a sensação é a de que, pela esquerda, essa é a preparação mais morna e vacilante de todos os quatro atos. Já ouvi a tese segundo a qual as esquerdas se recolheram e estão deixando Bolsonaro se jogar no penhasco do 7 de Setembro.
A calmaria das esquerdas, diante do avanço da direita e da extrema direita, seria mesmo uma estratégia, ou é a certeza de que no momento não há como competir por espaços nas ruas com as turbas enlouquecidas pró-golpe?
Digam que estou errado e aceitarei. Mas com informações, e não com o coração e a torcida, como fiz no começo da conversa com o jornalista paulista.
Caro Moisés, fugir nāo é o melhor caminho. Giácomo Mateotti foi quem disse: “é preciso ter a coragem para ser covarde”.
Acabou assassinado pelos fascistas italianos. Melhor que tivesse lutado.
É melhor a esquerda sair às ruas, do que se acovardar.
A covardia faz os fascistas crescerem.
O Partido Social Democrata alemão dizia que o Hindenburg era o mal menor, o mal menor acabou escolhendo Hitler.
Tá na hora da esquerda brasileira parar de ser covarde e de escolher o mal menor.
Como vimos a covardia acaba sempre mal para a esquerda. E o mal menor acaba virando um Grande problema no fim das contas. A covardia cobra um preço caro dos covardes.