O assustador

 

serra

Se Padilha cair, se Mendoncinha tombar, se Eduardo Cunha não resistir, quem ficará ao lado de Michel? Talvez fique apenas o José Serra. Sobrarão Michel e Serra no Planalto, porque eles se merecem.

Serra é um dos mistérios da política, um desses milagres que só São Paulo produz. O tucano construiu uma trajetória sustentada pelo charme de perseguido político.

É uma farsa. Até hoje lembram que ele era presidente da UNE e foi para o Chile depois do golpe de 64.

O que poucos sabem é que retornou ao Brasil em 1978. Todos os perseguidos e exilados só retornaram em 1979, quando da anistia.

Se Brizola, Arraes, Flavio Tavares e tantos outros voltassem antes, seriam enjaulados. Mas Serra desembarcou muito antes do início do processo de abertura, porque ninguém queria saber dele. Ninguém deu bola para José Serra.

Também lembram até hoje que ele e Maria da Conceição Tavares escreveram o ensaio Além da Estagnação, nos anos 70. Poucos conhecem o tal ensaio, quase ninguém sabe da participação real dele no escrito.

Serra é um economista e pensador de um texto só. E que ninguém leu, até porque ninguém sabe qual é, afinal, sua participação. Ele nunca produziu uma reflexão complexa sobre o Brasil e sobre a economia. Serra é o Chevette rebaixado do PSDB.

A figura mais patética deste governo não é Michel, nem Mendoncinha, nem Padilha. É José Serra, o sujeito empurrado para a direita para se acomodar entre os reacionários e cumprir sua missão como porta-voz do pessoal do pato da Fiesp.

Serra assumiu o Ministério das Relações Exteriores e viajou imediatamente a Paris para reatar relações com a França. Precisava dizer que nossas relações prioritárias eram com a Europa, e não com a Bolívia.

Serra é a melhor imagem deste governo. Nunca conseguiu ser ministro da Fazenda tucano (e que se vende até hoje como grande ministro da Saúde dos genéricos), mas está sempre na volta. E que ocupa, sem constrangimentos, a função de chanceler de um governo visto no Exterior como golpista.

Mas Serra está ali, ao lado de Michel, de olho no futuro. Ele quer ser presidente. Já tentou quatro vezes, somando-se os dois turnos, e foi derrotado. Mas a direita ainda acredita que pode elegê-lo. Serra, e não Aécio e tampouco Alckmin, é o grande sonho da direita. É assustador.

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