O Bolsa Banqueiro e o Bolsa Família

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Pedro Parente, presidente da Petrobras, discorre hoje em longa entrevista na Folha sobre os desmandos na empresa. Fala dos atos criminosos dos diretores agora processados e condenados e também das virtudes das ações e propostas dos atuais administradores.

Pedro Parente também poderia passar por avaliações de conduta, mesmo que inconclusivas, a partir da análise de dois processos pesados que correm em Brasília.

O Ministério Público está insistindo, depois de quase perder a batalha, na condenação de Parente e outros membros do governo FH por danos bilionários ao erário.

Parente (como ministro da Casa Civil e interino da Fazenda), Pedro Malan (como ministro da Fazenda) e José Serra (planejamento) são réus em dois processos que pedem reparação de prejuízos ao setor público por improbidade administrativa.

Os processos se referem ao socorro do governo federal, calculado em R$ 2,8 bilhões na época, aos bancos quebrados Bamerindus e Econômico. O Ministério Público quer a reposição do dinheiro (que seria hoje quatro ou cinco vezes esse valor), porque o socorro do governo foi considerado uma ação criminosa.

Não está em questão se alguém do governo ficou com parte do dinheiro. Mas o MP se convenceu de que a operação favoreceu ilegalmente os acionistas dos bancos quebrados com a dinheirama saída dos cofres públicos.

A operação do Banco Central foi feita sob o pretexto de pagar correntistas com o dinheiro que é meu, seu, nosso. Os salvos mesmo foram os donos dos bancos. Por quê?

O Supremo mandou que as ações, que correm nas 20ª e 22ª varas federais do Distrito Federal, fossem desengavetadas este ano. Estavam arquivadas por decisão tomada em 2008 pelo ministro Gilmar Mendes (eu disse ontem aqui que as ações correm no Supremo, mas tramitam mesmo em varas federais do DF; o Supremo apenas interferiu para desengavetar as ações este ano, em atenção a pedido do MP).

Também são réus de uma das ações os ex-presidentes do Banco Central Gustavo Loyola, Francisco Lopes e Gustavo Franco e mais ex-diretores do BC.

Como você imagina que possa ser o desfecho deste caso em que o MP federal pede reparação ao erário, ou seja, que os que liberaram o dinheiro para os banqueiros arranjem um jeito de devolvê-lo ao setor público?

Ninguém sabe mais nada dos processos e de seus desdobramentos, porque correm em segredo de Justiça. Por que segredo de Justiça? Porque algumas coisas no Brasil devem ser mantidas em segredo.

Sabemos de detalhes do andamento de muitos outros casos judiciais, também em segredo, por vazamentos seletivos.  Desse caso do Bolsa Banqueiro não se sabe nada, não se fala nada, não se comenta nada.

Saberemos do que aconteceu com esses processos quanto tiverem um desfecho (há muitos outros rolos envolvendo bancos e banqueiros no governo FH, quase todos transformados em fumaça).

A desenvoltura dos réus dos processos sobre o Econômico e o Bamerindus, todos por aí falando de ética e moral no setor público, já é um indicativo de suas expectativas.

Os donos dos bancos e seus herdeiros, pelo que se sabe, não ficaram pobres.

E o pessoal envolvido nisso tudo é da mesma turma do interino que pretende “moralizar” o Bolsa Família.

 

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