O BRASILEIRO ESTÁ NO BAGAÇO

O Brasil vem levando surras diárias desde muito antes do golpe de agosto de 2016. Hoje, pode levar mais uma, se Bolsonaro tentar devolver os ataques de ontem, que abafaram sua fala da véspera na TV.

Bolsonaro não tem mais o apoio nem mesmo dos médicos, que o ajudaram a eleger-se como questão fechada da categoria. Perdeu o apoio dos empresários e ficou só com os veios da Havan e do hambúrguer Madero.

Foi desprezado pelos economistas liberais que a Globo reuniu para bater na inércia de um governo que consegue provocar um falso conflito entre o socorro da saúde pública às pessoas e o socorro à economia.

Estrelas do liberalismo, Mailson da Nóbrega, José Roberto Mendonça de Barros, Marcílio Marques Moreira, Gustavo Loyola, Armínio Fraga e Pedro Malan disseram ontem – em depoimentos à GloboNews – que esse dilema não existe.

Que é possível salvar vidas e tentar salvar ao mesmo tempo a economia, as empresas e os empregos. Sempre com propriedade para as pessoas.

Mas até os economistas estão cansados. Só os Bolsonaros pai e filhos parecem não cansar. Há no rosto de Bolsonaro a expressão dos alucinados, mas não há sinais de cansaço.

Ele não passa nunca a impressão de que dormiu mal ou de que se envolveu até tarde da noite com o debate de soluções para a pandemia.

A parte mais cínica da briga com Dória Júnior ontem, na teleconferência com os governadores, foi quando Bolsonaro disse que trabalha 24 horas por dia para salvar o Brasil.

Quem conviveu com ele na Câmara sabe que não trabalhava nem três. Bolsonaro não teve tempo de trabalhar como militar (aposentou-se aos 33 anos), não conseguiu ser deputado (não apresentava projetos e não participava da troca de ideias na Câmara) e agora não consegue trabalhar como presidente.

Bolsonaro não trabalha, mas cansa o Brasil com suas bobagens e suas agressões. Não há debate possível com Bolsonaro, o tiozinho que chegou ao poder. Bolsonaro só atormenta.

A imagem do Brasil da classe média é a de William Bonner, ontem no encerramento do Jornal Nacional, admitindo que estava muito cansado.

Mas estão ainda mais cansados os trabalhadores engambelados pela direita que elegeu Bolsonaro, com a ajuda da Globo que perdeu o controle do golpe.

Estão cansados os professores, os médicos, os enfermeiros, o pessoal de gestão dos hospitais (pouco ou nada se fala deles). Os moradores de rua, os desempregados. Os servidores públicos agora ameaçados de redução de salários.

Estão exaustos os que vivem a apreensão do amanhã, perguntando-se sobre o primeiro da família que será invadido pelo vírus subestimado por Bolsonaro.

O Brasil está tão cansado que nem bater panelas consegue mais. Há vastas áreas das cidades onde ninguém bate uma panela. Uma só. Mas a Globo compensa e faz o milagre da multiplicação das panelas no Jornal Nacional.

Sobram panelas, mas falta força, andam de arrasto as persistências. Até o debate pede-o-impeachment-não-pede-impeachment é cansativo. Por isso Bolsonaro e os filhos vivem de esfolar o país. Os desvarios dos Bolsonaros subjugaram o Brasil com o cansaço político. E agora eles são aliados da peste.

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