O canivete e a espada

Não entendo o que levou dois sites a inventarem entrevistas com Gilberto Gil criticando o juiz Sergio Moro. Gil teve de recorrer à Justiça para que o Facebook retirasse os textos falsos da internet.
Pra que divulgar críticas falsas, se há fartura de críticas verdadeiras a Sergio Moro? A que mais me agrada, pelo vigor moral de quem a emite, é a do cientista Rogério Cerqueira Leite, que saiu na Folha de S. Paulo de 11 de outubro e que diz em um trecho:
“Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista. E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT”.
No dia seguinte, em carta ao jornal, Moro ignora (o ignora aqui não é no sentido de omite, mas de ignorância mesmo) que está duelando com um dos grandes intelectuais brasileiros e recomenda que a Folha censure seu colaborador de mais de quatro décadas. Diz Moro:
“Embora críticas a qualquer autoridade pública sejam bem-vindas e ainda que seja importante manter um ambiente pluralista, a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas, ainda mais por jornais com a tradição e a história da Folha”.
Um dia depois, também em carta à Folha, o cientista volta à carga e diz ao final do texto:
“O juiz ainda se esquiva de responder à principal acusação que lhe faço, a de que é absolutamente parcial e está a serviço das classes dominantes”.
Depois desta, talvez finalmente alertado de que seus argumentos eram um canivete pitoco a desafiar a espada de Cerqueira Leite, Sergio Moro calou-se.

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