O CORONELISMO E AS MILÍCIAS

A guerra de Renan Calheiros com Bolsonaro pode ser um dos grandes momentos da política brasileira nesses tempos de extremismos. Porque opõe um raposão com o controle de todas as artimanhas da política a um sujeito que tem apenas a fidelidade das milícias.

Resumindo, é uma guerra de um coronel do Nordeste contra um miliciano do Rio. Renan tem filho na política, o governador de Alagoas, Renan Calheiros Filho, do MDB, o mesmo partido do pai.

Bolsonaro tem três filhos políticos, um senador, um deputado federal e um vereador. Nem Bolsonaro, que não tem partido, sabe quais são os partidos dos filhos. Talvez nem eles saibam. Parece que cada um pertence a um partido diferente.

O que diferencia uma família da outra é que Renan construiu uma trajetória de político clássico. É um profissional, articulado, articulador, agregador.

Tem influência no Estado dele, no Congresso e no partido. Já foi muito ouvido (talvez hoje nem tanto) pela bancada do MDB e por colegas meio avulsos de outros partidos.

Bolsonaro é o contrário, é um desviante da política, fazendo a figura farsante do rebelde que enfrenta o sistema.

Quando dizem que ele pertencia ao baixo clero do Congresso, esse enquadramento chega a ser ofensivo com os parlamentares que circulam nessa faixa do vale-tudo e do toma-lá-dá-cá.

Bolsonaro não tinha nada a dar, só a tomar. O baixo clero participa do jogo da política. Bolsonaro nunca participou de nada e nem sabe direito como se elegeu presidente.

Vai ser boa a guerra dos Calheiros com os Bolsonaros. Um especialista em ardis, com conhecimento do terreno onde pisa, e o outro amador protegido pelos militares.

Lembrando que os dois já trocaram elogios, afagos e abraços. Vão para uma briga sem chance de empate.

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O MISTÉRIO DOS EVANGÉLICOS
Ainda está à espera de melhor explicação a maior surpresa da pesquisa do Datafolha em que Lula vence Bolsonaro com facilidade em 2022.

Pelo levantamento, no primeiro turno, 35% dos evangélicos votariam em Lula e 34% em Bolsonaro.

No segundo turno, dá empate de 45% para cada um. Essa é a surpresa.
Ainda tem gente nas esquerdas que não acredita que a pesquisa possa ser levada a sério.

Os evangélicos sempre foram considerados o reduto mais fiel a Bolsonaro, no mesmo nível do pessoal do agronegócio.

A solução é esperar as próximas pesquisas, ou algum desvendamento que explique o que está acontecendo.

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