EM NOME DE DEUS, O DESPREZO PELOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE
O poder intocável hoje no Brasil não é o dos militares e nem o da Globo. É o poder das igrejas ligadas à extrema direita. Se não fosse, o governo gaúcho não teria feito a única concessão do período de bandeira preta para uma atividade não essencial.
Pela bandeira preta, tudo deveria ser fechado e só ficariam abertos serviços absolutamente essenciais. Rezar em espaços coletivos não é serviço essencial.
Quem quiser, pode rezar em casa. Mas no sábado o governador permitiu, por pressão dos pastores, que os cultos sejam realizados durante a semana de bandeira preta.
Pela concessão, as pessoas poderão se aglomerar, rezar e conversar com Deus antes de serem infectadas em missas e cultos, para depois também infectarem os parentes encerrados em casa.
Templos religiosos vão poder funcionar com limite de até 10% do teto de ocupação ou o máximo de 30 pessoas. Antes, no decreto original, não poderiam ser realizados cultos ou missas presenciais.
Alguém acredita mesmo que haverá um fiscal, na porta de cada igreja, controlando o limite de 10% ou o máximo de 30 pessoas?
É um afrouxamento político, porque o govenador é pré-candidato a presidente, desde que consiga derrubar João Doria na disputa pela vaga dentro do PSDB.
E Doria, ele sabe, é detestado pelas igrejas que asseguram o principal lastro social a Bolsonaro. Os pastores odeiam o tucano paulista. O tucano gaúcho não pode repetir o mesmo erro.
Para o tucano Eduardo Leite, Bolsonaro não deve ser criticado. Tudo o que o moço faz no Rio Grande do Sul é em nome de quatro palavras que ele repete nas entrevistas: moderação, ponderação, sensatez e sobriedade.
Quatro qualidades que dificilmente alguém conseguirá encaixar em quem cede às pressões do poder religioso para não contrariar a extrema direita.
O sujeito quer ser reconhecido pela sensatez, mas permite uma atividade que só existe se tiver aglomeração, num momento em que os cientistas e os profissionais da saúde pedem lockdown.
Não há moderação nem ponderação quando um governante cede a quem não quer parar de juntar gente em nome da fé e de Deus.
É muita pretensão que o afrouxamento dos controles, que despreza a exaustão e o sofrimento de profissionais da saúde, possa ser confundido com sobriedade.
Mas o diabo, que também é explorado pela extrema direita, está de olho neles.
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OBRIGAÇÃO MORAL
O jornalista João Renato Jácome fez a pergunta que a maioria não se animaria a fazer, quando questionou Bolsonaro sobre o que ele teria a dizer da decisão do STJ que anulou as provas contra o filho dele.
Jácome foi demitido pela prefeitura de Rio Branco, onde trabalhava. Mas estava no evento como freelancer contratado pelo Estadão.
O Estadão só tem uma saída, uma só. Deve contratar e efetivar o repórter como correspondente no Acre, como reparação moral e reconhecimento ao jornalismo que não teme o fascismo.
Se é que o Estadão não tem medo de Bolsonaro.
Conforme matéria do poder 360, o tal jornalista, nomeado pelo prefeito do progressistas e aliado do presidente, fazia cobertura contra os GOVERNOs do pt no Acre. Portanto, entendo que sua pergunta ao presidente deva ter sido motivada mais por um escorregão mental da parte dele do que por um possível desalinhamento político-IDEOLÓGICo com os fascistas. Contudo, pelo perfil do frila, se Encaixaria bem no ambiente de Eliane.